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Entrevista - Cult Of Luna

O FUTURO É JÁ AQUI
"Toda a forma de arte está interligada na medida em que um dos seus principais propósitos é mover a mente e a alma das pessoas"

Cinco anos pode parecer uma eternidade para os fãs de uma banda fechada numa "bolha", como os próprios consideram, e que dispõe de uma sonoridade cada vez mais singular. "Vertikal" era um dos grandes álbuns esperados para 2013 e dá continuidade à superior capacidade de composição do grupo de post-metal sueco. Inspirado no futurismo do clássico do cinema "Metropolis", vive entre formas e sons criando um universo mais industrial e frio, mas com a mesma sensibilidade que sempre os caracterizou. O público nacional teve o prazer de os ver nos passados dias 28 e 29 de Janeiro e, segundo o baterista Thomas Hedlund, portou-se de forma exemplar.   

Como é possível a geometria e a arquitectura se interligarem com a música? O conceito de "Vertikal" suplanta a vossa nova imagem promocional, acabando mesmo por ser influente no processo de composição? É curioso, pois "Metropolis" até é um filme mudo...
As diferentes formas e a arte que utilizámos como ponto de partida para o processo criativo foram muito úteis. O Erik, nosso director artístico, escolheu imagens e arte que entendeu que encaixava no tema que estávamos a discutir. Toda a forma de arte está interligada na medida em que um dos seus principais propósitos é mover a mente e a alma das pessoas. Portanto, não há nada estranho em usar imagens como forma de despoletar um processo musical.

Os cincos anos que separam este do anterior álbum é um sinal de que precisava de arejar a cabeça e estabelecer um rumo para a vossa música?
Sim, queríamos que este processo demorasse o seu tempo, não apressando nada. Pretendíamos encontrar um contraste adequado para com o nosso álbum anterior e, para fazê-lo com êxito, precisámos de algum tempo. Posto isto, o processo de composição e gravação de "Vertikal" foi, de longe, o mais suave por que já passámos.

Com isto operaram algumas mudanças no vosso som, tornando-o mais industrial. Será esta a tendência em futuras composições?
Não, este foi o som que pretendíamos para este álbum. Não há maneira de saber como o nosso próximo álbum vai soar.  

Como foi trabalhar sem o Klaus ao fim de tantos anos?
O Klaus é um vocalista e amigo fantástico, por isso, é claro que foi diferente trabalhar sem ele. Mas até mudanças como essa podem despertar novas ideias e obrigar-nos a ser ainda mais criativos. Trabalhar sem ele não nos impediu de criar o nosso melhor álbum até ao momento.

Referiu algures que recrutaram um amigo para estúdio que foi muito importante para atingirem a sonoridade de "Vertikal". Neste momento da vossa carreira, é crucial ter uma visão externa de forma a não estagnarem?
Este amigo em particular - Mans Lundberg - tem um grande conhecimento sobre sonoridades de guitarra. Quisemos usar a sua sabedoria para encontrar novas texturas e camadas para as nossas paisagens sonoras. Ele tem um background ligado ao pop e quisemos adicionar a sua forma de "olhar" para os sons.

Também já referiram que este foi o vosso primeiro álbum a necessitar de um plano. Significa isto que "Vertikal" tem menos "coração" e mais "cabeça"? Acham que é isso que as pessoas esperam da vossa música nesta altura?
Para dizer a verdade, sempre estabelecemos um plano para os nossos álbuns, mas talvez não tão desenvolvido em termos visuais. Este álbum tem tanto "coração" como "cabeça" como os anteriores. Se o processo de composição parte de um pensamento e de uma actividade mais intelectual, tal como o ponto de direcção artístico que referi, o processo musical em si tem que vir dos nossos corações. Caso contrário, penso que ninguém vai acreditar ou se envolver com o que estamos a tentar transmitir.

Devemos interpretar o conceito deste álbum como um louvor ou uma crítica ao desenvolvimento tecnológico? Porventura, preocupa-o a forma como a sociedade e os humanos estão a ficar tão "mecânicos"?
Sim, esta é uma das preocupações. Este álbum lida com a necessidade de pertencermos a algo, de estarmos aptos a mudar as coisas, de sonharmos com algo melhor, mas também o conceito de fazermos parte de uma maquinaria.

Uma vez que contribuíram para a definição do post-metal, sentem maior responsabilidade na hora de lançar um novo álbum?
De forma alguma. Não criamos música pensando que fazemos parte de uma tradição. Sempre fizemos os álbuns que queríamos, sem prestar atenção ao que os outros fazem dentro deste género musical. Para dizer a verdade, nunca oiço música semelhante à que criamos. Pode soar estranho, mas trabalhamos numa espécie de "bolha" quando estamos a compor, pelo menos em relação a bandas do nosso género. Tendemos a ser inspirados por outros tipos de música. Pessoalmente, não oiço qualquer tipo de post-metal.

Estão sensivelmente a meio da vossa primeira digressão de promoção a "Vertikal". Como têm corrido os concertos?
Esta digressão tem sido absolutamente fantástica. Sentimo-nos muito honrados por ver que tanta gente roubou um tempinho das suas vidas para nos ver tocar.

E quais são as vossas impressões dos recentes concertos em Portugal?
Foram incríveis. O nosso espectáculo no Porto está provavelmente entre os três melhores desta digressão. Adoramos estar em Portugal e esperamos regressar em breve.  
Como grandes amantes de cinema, têm alguma expectativa especial nesta área para 2013?
Estou curioso para ver como se vai sair o Roman Coppola no seu novo filme.

Nuno Costa


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