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Review - Nebulous - «Nebulous»

NEBULOUS
"Nebulous"
[CD - Ed. de Autor]

Será difícil precisar, mas talvez este seja mesmo um trabalho inédito em Portugal em termos de conceito musical. Sem dúvida que existem casos próximos - como os dos Colosso, Kneel, Clutter, Stampkase ou mesmo algo tão recôndito como os extintos Psy Enemy -, mas certamente que é difícil encontrar quem leve tão à risca a percepção rítmica e progressiva dos Meshuggah cá no "burgo". E destituindo qualquer surpresa, a acrescentar que estes são, nem mais nem menos do que os Endamage com o baterista Marcelo Aires [Colosso, ex-Oblique Rain] que entre 2004 e 2012 tocaram death metal melódico.

Alterações de formação e interesses musicais terão levado a tão drástica transfiguração. Legítimo? Com certeza, até porque a música é, antes de mais, sinónimo de liberdade. Arregaçaram as mangas e enfebrecidos por uma forte inspiração noutra área, criaram um disco repleto de estruturas complexas, groove esmagador, dissonâncias sinistras, arranjos muito bem debuxados, num invólucro geral que transpira profissionalismo.

Quando se referia outras aproximações no plano nacional, a diferença está em que os Nebulous conservam a agressividade e os principais maneirismos (de forma muito hirta) das deidades suecas já referidas e que, no fundo, criaram todo este movimento math/djent/progressivo. Normalmente em termos internos a melodia assume importante papel e houve casos em que bandas com os mesmos princípios nem saíram da garagem. Assim se explica então o posicionamento favorável dos Nebulous neste contexto musical. 

Todavia, e pelos mesmos motivos, os Nebulous não estão a desenvolver algo susceptível de abanar as estruturas do género, mas de certo que se estreiam num patamar de excelência capaz até de camuflar as suas origens (e isto sem qualquer complexo de inferioridade) e fazê-los parecer oriundos dos Estados Unidos ou Inglaterra, onde o género tem maior expressão.

Aparentemente há pouco a dizer quando assim é (quando a "novidade" é apenas a segurança e solidez na interpretação). Mas fique-se consciente de que estes bracarenses não se limitam a ser uma cópia fiel dos Meshuggah. Há lugar a uma predisposição para dinamizar o seu som com algumas passagens vocais limpas - confira-se "Hyperborea" e "Sorah" - e um estado de espírito progressista mais típico dos Textures, sendo que os Tesseract e Uneven Structure nunca se esfumam desse imaginário. Indo ainda mais atrás em toda a loucura polirrítmica que se enfatizou no novo milénio, "Nausea" parece uma discreta homenagem aos Mnemic.  E o melhor de tudo é que não enveredam pelo tecnicismo muitas vezes exacerbado de uns Periphery ou Animals As Leaders.

Pesados os prós e contras, em termos de identidade os Nebulous poderão não ter dado um passo em frente comparativamente à sua anterior encarnação, mas deram um passo enorme em termos de concepção de escrita e dinamismo. Se há lugar para mais uma banda de "math qualquer coisa djent"? A verdade é que os "pequenos" pormenores deste disco fazem crer que há aqui muito mais do que um "sonho molhado" à moda sueca, entre compassos esquisitos e presunções de que assim vamos soar mais fixes e intelectuais. [8/10] N.C.

Data de lançamento: 14 de Outubro de 2013
Nota de estúdio: captação por Pedro Mendes nos Ultrasound Studios, em Braga; mistura e masterização por André Rodrigues; apoio do Grave Studio.
Estilo: math/djent/progressivo
Origem: Braga/Guimarães/Porto (Portugal)
Formação: 2012
Artwork: David Rodrigues

Alinhamento:
1. "Abnegation" (2:50)
2. "Dharma" (3:45)
3. "Nausea" (4:30)
4. "Hyperborea" (2:57)
5. "Gaea" (3:44)
6. "Sorah" (3:35)
7. "Ethereal" (5:52)
8. "Benighted" (4:08)
9. "Contemplation" (1:50)
Duração: 33 minutos

Elementos:
- Snake (voz)
- Vítor (guitarra)
- Pingas (guitarra)
- Rui Silva (baixo)
- Marcelo Aires (bateria)

Discografia:
- "Nebulous" (CD - 2013)




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