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Switchtense / For The Glory / Gates Of Hell / Answers Within
11.10.13 - Hard Club, Porto



A Sala 2 do Hard Club ia receber uma madrugada de trance a começar à uma da madrugada, pelo que era esperado que a No Barriers Tour começasse à hora marcada. Mas o futebol falou mais alto e eram 22h00 quando os ANSWERS WITHIN começaram o seu espectáculo.

“Espectáculo” é uma palavra que raramente usamos para concertos, estando mais ligada às variedades, mas dada a atitude algo circense da banda punk, encaixa que nem uma luva. O escasso público também não foi propriamente simpático, ao deixar-se ficar encostado às paredes e criando uma enorme clareira em frente ao palco, quase parecendo que a sala estava vazia. E cantar vezes sem conta o riff principal de “Raining Blood” dos Slayer não foi certamente a melhor maneira de cativar o público.

Essa falta de reacção ajudou à decepção dos jovens Answers Within, que decidiram não levar o concerto muito a sério. Por outro lado, uma rápida visita ao seu Facebook, aos interesses e influências, e até à própria biografia, essa parece ser a sua filosofia geral – “apalhaçar”. Talvez num outro ambiente, em que o seu punk/hardcore melódico (usando a sua própria definição) esteja mais enquadrado, possam revelar-se como uma boa banda do género. Naquela noite, não deixaram essa impressão.

Tudo mudou com a chegada dos GATES OF HELL, e não só em termos musicais. Já com uma legião de fãs considerável, o vazio depressa deu lugar a um grupo de moshers que se manteve imparável desde a primeira “Embrace The Reality” até à última “Critical Obsession”.

Os Gates Of Hell estavam reduzidos a quatro elementos naquela noite - com o baixista Miguel Pinto ausente por “motivos de força maior”. Raça dedicou-lhe “Hypocrisy”, mas acalmem-se os fãs porque não se trata de nenhuma “boca foleira”. Foi a carreira militar de Miguel que o colocou em Mafra naquela noite, sendo que a dedicatória do vocalista baseou-se apenas na boa música e não no seu título.

Na apresentação do álbum “Critical Obsession” em Abril, Ricardo Congas dos For The Glory ajudou a cantar “Abusive Revolution”, substituindo o convidado especial da versão de estúdio Esse Hansen. Desta vez, porém, ninguém substituiu o vocalista dos HateSphere (“se calhar devia tê-lo convidado para ficar mais duas semanas”, disse Raça, aludindo ao concerto dos dinamarqueses com Hypocrisy naquela mesma sala, a 30 de Setembro). Mas mesmo sem baixista e sem convidados, a entrega do resto da banda teve a excelência de sempre.

“Nós somos os FOR THE GLORY e uma das coisas que mais detesto ouvir é ‘cala-te e toca’, pois quem nos conhece sabe que tenho muita coisa a dizer”, foi uma das primeiras coisas que Congas disse ao subir ao palco. E ainda bem que assim é – não só a “muita coisa a dizer” é geralmente algo com que quase todos se identificam, mas também serve de pausa na loucura que os slam dancers armam.

A propósito do seu mais recente trabalho “Lisbon Blues”, que estavam ali a apresentar/promover, Congas afirmou que todas as fotos de Lisboa no álbum deviam-se ao facto de ser a cidade e realidade que melhor conhecia, e daí estar mais à vontade para falar dela. Para além disso, garante que estava bem ciente, como todos deveríamos estar, de que os problemas políticos, sociais e económicos em todas as grandes cidades do país eram praticamente as mesmas.

A dada altura houve um problema com a guitarra (ou amplificador, não chegámos a perceber) de Sérgio e a música foi interrompida. Congas ainda olhou para o outro guitarrista, João, mas este foi apanhado desprevenido e não foi capaz de cobrir a falha. Ao que alguém brincou “o João só sabe a parte dele!”. Não é por causa do cariz agressivo tanto da música como dos temas dos For The Glory que impede a banda ou os seus fãs de terem sentido de humor.

“Lisbon Blues” foi considerado pela SounD(/)ZonE o álbum do mês, e em termos de hardcore nacional os For The Glory também podem levar o título de melhor banda ao vivo – o hino “Survival Of The Fittest” terminou mais um concerto que o comprova.

Os SWITCHTENSE acabaram por ficar com apenas meia hora para tocar, e como Hugo também não dispensa dizer o que tem a dizer, a banda “viu-se obrigada” a tocar os seus temas ainda mais rápido do que o habitual. O que não desagradou nada ao público.

Agradecer a Rolando Barros [Grog, The Firstborn] era imperativo. Com a saída do baterista Xinês, os Switchtense tiveram de cancelar um concerto e adiar dois, e se não fosse a dedicação de Rolando também a data no Porto teria seguido o mesmo caminho. Mas como já Congas tinha referido durante o concerto de For The Glory, ainda há quem dê “110” por cento pelo underground.

“Face Off”, “Unbreakable”, “State Of Resignation” ou “Ghosts Of The Past” (onde mais uma vez Hugo lembrou os erros governamentais que teimam em repetir-se no nosso país) foram alguns dos temas que catalisaram as rodas e rebentaram as cordas vocais dos presentes. “Into The Words Of Chaos” e “Infected Blood” fecharam com chave de ouro.

Texto e fotografia: Renata Lino

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