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Entrevista Summoned Hell (Especial Roquefest)

DOCE INFERNO
"Gostamos de olhar para as coisas com optimismo"



Começam igualmente a envergar a braçadeira da veterania e a experiência revela-se no discurso e num primeiro álbum coeso lançado em 2011. Invocaram o demónio, mas nem este lhes conseguiu retirar a vontade de lutar, dadas as diversas mudanças de formação e o próprio quotidiano adverso ao metal nos Açores. Maior prova de "invencibilidade" é o novo EP e longa-duração que estão já a ser burilados. O dia 17 de Maio, no Roquefest, não será ainda o momento para ouvirmos novo material, afirma o teclista Stephan Kobiákin, mas nem por isso deixarão de fazer valer a força do seu death metal melódico e a boa disposição que lhes é reconhecida.

Cerca de ano e meio após o lançamento de "Prison Of Madness", qual é o estado de espírito que se vive na banda? Sentem que algo mudou em termos de carreira?
Claro que o lançamento do nosso álbum de estreia fez-nos sentir realizados e ajudou a fortalecer o nome da banda. Até agora o feedback tem sido bastante positivo, mas desde o lançamento do álbum que a banda tem estado menos activa que o costume devido a falta de sala de ensaios. Esperemos ultrapassar esse problema em breve, visto que muitos temas novos estão à espera de serem ensaiados.

Pouco depois do lançamento do disco, a banda anunciou que já trabalhava em novo material. À partida não seria muito cedo, pois havia um álbum para promover, ou é um sinal de que nos Açores o ritmo tem que ser esse?
Esse EP supostamente era para surgir até ao final de 2012 (pelo que se ouviu dizer). Mas como sempre, houve atrasos e devido à falta de disponibilidade de alguns elementos, as gravações abrandaram bastante o ritmo. De momento, há dois temas praticamente prontos. No total haverá uns cinco ou seis. Mas depois desse EP iremos começar a trabalhar num segundo álbum para o qual os temas já existem praticamente todos, porque já foram compostos pelo nosso teclista. Só falta ensaiá-los e gravar. Quanto ao ritmo, penso que isso cabe a cada um decidir como quer avançar com a sua banda. Preferimos ser activos o máximo possível e mostrar que existimos e estamos a trabalhar, apesar de todos os problemas.

Muita gente diz que os segundo e terceiro álbuns são fulcrais para definir a carreira de uma banda. Será que acreditam nesta filosofia e vão apostar ao máximo num futuro lançamento, financeira e musicalmente?
Acreditamos que o nosso segundo álbum será bem recebido e terá um feedback positivo, pois será composto por temas mais trabalhados e mais técnicos do que os do primeiro. Por isso, estamos dispostos trabalhar arduamente como trabalhámos para o "Prison Of Madness", agora também mais experientes, sabendo como tudo funciona. Esperemos que corra tudo bem.

É fácil ficar-se resignado nos Açores perante a pequenez do mercado e o isolamento, sobretudo para uma banda de metal.  Quase a atingir os dez anos de carreira, entendem que conseguiram atingir os objectivos a que se propuseram no início ou já fizeram cair algumas ilusões?
Claro que não correu tudo como o previsto. Vendo bem, quase dez anos de existência é muito tempo e podia-se fazer muito mais do que se fez. Claro que aos poucos  vamos atingindo os nossos objectivos. Um deles - e o mais importante - era o lançamento do primeiro álbum. Outro era dar bastantes concertos e criar um nome na ilha. Penso que esse também atingimos, pois muita gente já nos conhece, apoia-nos e dá-nos forças e vontade de continuar a trabalhar. Um problema que persegue a banda é a "constante" mudança de elementos. Dos Summoned Hell originais só restaram o Hugo Almeida e o Stephan Kobiákin. A última saída foi a do Paulo Arruda [baixista], logo após o lançamento do álbum. No Verão de 2012 entrou o nosso novo baixista, o Fábio Alonso, e a segunda vocalista, a Elisabete Sá. Isso dificulta um bocado o progresso e evolução da banda, pois tem que se "voltar atrás" e ensaiar todos os temas de novo para ensinar aos novos elementos.

Falava há pouco de um novo trabalho que já está a ser "cozinhado". É possível adiantar alguns aspectos concretos em relação ao seu rumo musical?
Este novo trabalho será um EP de cinco ou seis temas que estará disponível para download. O rumo musical não foge muito do costume dos Summoned. Após o lançamento do EP, irá trabalhar-se e gravar o segundo álbum que já será mais trabalhado e penso que se notará a diferença. Esperemos que os novos temas sejam bem recebidos.

A entrada de Fábio Alonso tem trazido nuances diferentes à sonoridade dos Summoned Hell?
Por agora ele ainda está em fase de "aprendizagem", a ensaiar os temas antigos para familiarizar-se com eles. Mas esperemos notar-se a diferença nos novos temas que temos para ensaiar.

O Roquefest é um dos poucos "oásis no deserto" no que tem sido e se prevê que seja a agenda açoriana nos próximos tempos. É, por isso, uma ocasião especial para a banda e a merecer um concerto com algumas particularidades?
Ficamos contentes com o convite para o festival, visto que não há nada a acontecer por agora, desde o Live Summer Fest. Tocámos a última vez no concerto de tributo aos Morbid Death e estamos um bocado sedentos por pisar um palco de novo, e desta vez com a banda toda reunida, visto que o nosso teclista já voltou do continente. Esperamos agradar o público. Com muita pena não será possível apresentar nenhum dos novos temas por causa de falta de tempo e de ensaios.

A banda é reconhecida pelo seu bom humor, mas numa situação preocupante para o metal regional olham com optimismo para uma retoma, digamos assim?
Gostamos de olhar para as coisas com optimismo, como é claro. Nunca perder a esperança também é muito importante. É encarar a realidade com um sorriso na cara e lutar pelo que se pode. Mas claro que a situação do metal nos Açores não ajuda nada e é complicado ver um futuro brilhante.

Com a experiência que têm conseguem enumerar algumas dicas para a correcta gestão de carreira das bandas?
Sinceramente, achamos que esta questão não se adequa muito a nós. Não somos as pessoas certas para dar dicas nesta área. Pode-se ver o porquê, pelos vídeos que temos no YouTube. Penso que não somos um exemplo a seguir! [risos] No entanto, penso que a principal dica é que uma banda tem que fazer aquilo que gosta e não aquilo que os outros gostam ou querem. É preciso organização também. Costuma-se dizer "banda é banda, brincadeiras à parte". Bem, nós misturamos tudo e dá no que dá.

Se os Summoned Hell estivessem num posto executivo, o que fariam para melhorar a música regional?
Penso que fazia-se os possíveis para dar mais oportunidades aos músicos dos Açores, especialmente aos do metal. Talvez criar um espaço com salas de ensaio e uma sala de concertos, ao estilo do Metalpoint, no Porto. Assim reduzia-se o problema do espaço para ensaiar e ter-se-ia também um espaço próprio para concertos desse estilo. Também era muito bom conseguir mais apoio às bandas regionais para poderem deslocar-se ao continente e promoverem o seu trabalho. Todos sabem que nos Açores estamos todos muito limitados e não se tem muito por onde pegar. Essa é a realidade. Mas a esperança é a última a morrer, por isso vamos ver se algo muda durante os próximos tempos.

Nuno Costa





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