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Entrevista Shadowsphere

O DIABO A SEIS
"Sabia que o próximo álbum teria de ser um upgrade dos anteriores"

Seis anos de "Inferno"... Aparte a redundância, o longo período que separou este novo álbum dos nacionais Shadowsphere do anterior "Hellbound Heart", foi quase um processo de cura essencial para se reerguerem com novas ideias. Mais melódicos e directos, mas ao mesmo tempo mais maduros e dinâmicos, estes seixalenses estão agora munidos de argumentos que os fazem aspirar a levar o seu death metal melódico ou metalcore, se preferirem, a um público mais vasto. As expectativas são grandes e já começam a haver sinais de mudança, segundo exclama o guitarrista/vocalista Luís Goulão.

Creio que a questão impõe-se antes de qualquer outra: porquê seis anos para lançarem um novo trabalho?
Em 2007, e depois de finda a digressão de promoção ao “Hellbound Heart”, decidi parar um pouco devido a razões pessoais. Entretanto, o André [Silva, baterista] decide sair, o guitarrista convidado na altura sai também e o Davon [Von Dave, teclista] segue-lhes os passos. Posto isto, o que seria uma paragem temporária tornou-se num hiato demorado à procura de membros competentes e disponíveis. Assim foi até 2010.

É possível explicar mais concretamente a saída destes três elementos?
Divergências musicais e diferentes objectivos estiveram essencialmente na base da mudança.

Os novos elementos conseguiram ter um papel verdadeiramente activo na composição de "Inferno" ou você e o Paulo Gonçalves são, inevitavelmente, os pilares da banda em todos os sentidos?
A composição está sempre a meu cargo, seja musical ou lírica. O que varia é a quantidade de input e a vontade para o que o resto da banda desejar fazer. Desta vez trabalhámos bem como um todo, com toda a gente a sugerir ideias e arranjos. Foi diferente... e melhor!

Trabalham há muito tempo com os novos elementos? Que critérios terão estado na base da sua selecção?
O Emídio já tinha estado connosco anteriormente e voltou. O Ricardo é um amigo pessoal que eu trouxe para a banda e o João também. Basicamente, os critérios da minha selecção foram disponibilidade, competência e amizade.

Vislumbrou-se algum período de desânimo ao longo destes seis anos ou a banda sempre acreditou que era possível continuar?
Houve um misto das duas. Sempre acreditei que era possível continuar mas sentia um desânimo enorme, pois não conseguia encontrar músicos competentes disponíveis...

Para este regresso, houve alguma acção deliberada para conseguirem um som mais melódico, mas igualmente mais dinâmico?
Houve sim, claro. O trilho musical que seguimos foi amplamente estudado e pensado. Eu sabia que o próximo álbum dos Shadowsphere teria de ser um upgrade dos anteriores em termos de sonoridade e composição. Acho que o objectivo foi conseguido.

De onde parte a ideia de incluírem uma voz feminina e teclados neste disco? É  uma parte fundamental para esse tal upgrade?
Sem dúvida! Desta vez quis fazer um single e sabia que teria de ser diferente. O passo mais lógico para mim foi incluir a voz da Patrícia e levar essa vontade mais longe, que passava por fazer uma música com uma estrutura diferente da que sempre fizemos. Reuni então o nosso antigo teclista, o Davon, e pedi-lhe para musicar no piano uma ideia que tive. Juntei mais uma vez a voz da Patrícia e assim nasceu a espectacular “Alone At The End Of The World”.

Acha que todas estas mudanças estruturais foram tão profundas ao ponto de os fãs antigos não aceitarem esta escrita mais directa? Como têm sido as reacções gerais até ao momento?
As reacções não podiam ser melhores! Mesmo os fãs mais antigos não cederam à ambígua catalogação metalcore e estão a gostar imenso. Lá fora estamos a ter muito apoio, especialmente dos E.U.A. e do Canadá, mas também do norte da Europa que, basicamente, era o nosso objectivo inicial. Daí a opção de termos trabalho com o Jim Fogarty dos Zing Studios, pertença de Adam Dutkiewicz, guitarrista dos Killswitch Engage.

Qual é a grande mensagem de "Inferno". Poderá haver alguma ligação com a situação psico-social e financeira do mundo ou a questão é mais directa e tem mesmo que ver com a religião?
Nem uma nem outra. O conceito de “Inferno” centra-se à volta da minha vida entre 2005 e 2008. Pode dizer-se que é quase um album conceptual e com uma mensagem hiper positiva, ao contrário do que o nome sugere. O ouvinte/leitor terá de ler bem as letras e descobrir nas entrelinhas infernais todas as mensagens escondidas...

Depois de uma passagem pela Recital Records, regressam sem qualquer suporte editorial. É a melhor opção hoje em dia?
Não sei se é a melhor, mas foi a mais viável para nós. O termos de fazer tudo implica muito tempo, mas, no fim de contas, é bem merecido.

Preocupam-se com o nível de vendas de discos e a questão da pirataria tão debatida nos últimos tempos?
Nada mesmo! É claro que não sou hipócrita quando digo que toco por prazer, pois aliado ao prazer de tocar, quero vender os meus discos com qualidade e preço devidos. Mas, essencialmente, prefiro que façam o download, gostem e apoiem a banda ao vivo. O resto virá por acréscimo.

Até que ponto os Shadowsphere aspiram a uma internacionalização mais, digamos, efectiva?
Nós estamos já a promover o “Inferno” no estrangeiro através da Viral Propaganda, essencialmente, e é claro que aspiramos a uma internacionalização mais efectiva. Porém, para isso, dependemos de competência, vontade e sorte. As duas primeiras condições já as temos de sobra. Quanto à terceira, não temos tido assim tanto, mas pode ser que apareça!

Até que ponto poderão ir os Shadowsphere num próximo trabalho, já que, actualmente, mostram-se capazes de pisar terrenos ligeiramente diferente das suas origens?  
Iremos até onde a nossa capacidade musical e vontade nos permitir, sem nunca pôr em risco o gosto dos nossos fãs, pois é para eles que os Shadowsphere também existem.

Nuno Costa



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