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Review - Colosso - «Abrasive Peace»

COLOSSO
“Abrasive Peace”
[CD – Edição de autor]

Há momentos em que temos que parar e olhar para vários pontos no tempo e no percurso histórico do metal nacional. Havendo sempre muito talento escondido, é fácil de incorrermos em algumas injustiças com análises menos aprofundadas, mas crê-se ser fácil e imediato perceber-se que “Abrasive Peace” é pelo menos um dos discos de estreia de death metal mais entusiasmantes de sempre no plano doméstico.

Por detrás desta proeza está o xerife solitário Max Tomé, também vocalista de estúdio dos dois últimos discos dos Holocausto Canibal, responsável nos Colosso por toda e qualquer ideia e sua execução. Excepção feita à gravação da bateria, efectuada pelo workaholic e talentoso Dirk Verbeuren (Soilwork, Scarve, Aborted, Devin Townsend, Jeff Loomis). Impressionante é também a aparente facilidade com que Max arrancou das trevas (ou do éden) estes oito bombásticos temas. Os Colosso assumem-se como tal desde Janeiro de 2011 e tudo parece se ter tornado numa harmoniosa expurgação de alma e de um talento que, pelo menos com esse brilhantismo, ainda não se reconhecia ao seu autor.

No press release que acompanha este disco é notória a consciência das raízes e fontes inspiradoras dos Colosso por parte do próprio Max Tomé. Sem mácula, aponta influências de Hate Eternal, Devin Townsend e Meshuggah, entre outras. Mas serão essas apenas as mais fortes, sendo que o multi-instrumentista não se rende a nenhuma uma delas. No fundo, este trabalho explica-se pela capacidade superior de composição e execução com temas de death metal abrasivo (lá está), directo, devastador, mas com uma mente aberta que lhe faz aqui e ali pisar terrenos mais experimentais (nem que fosse pela remistura electrónica de “Thou Shalt Not Be Benevolent”). As influências de Devin Townsend são mais perceptíveis em “In Turmoil”, num certo caos sonoro típico dos Strapping Young Lad devido ao recurso de ambientes sintetizados, enquanto “Pattern Of Disconnection” vai buscar, no final, a estrutura mais jazzística e matemática dos Meshuggah. Por outro lado, o groove expande-se a quase este material o que faz de temas como “Anthem To Chaos” ou “Unplugged From The World” algo simplesmente viciante.

Será também consensual que o desempenho de Dirk Verbeuren – extremo mas com dedos e pulsos para uma panóplia de detalhes assinaláveis mais próximos do jazz e progressivo - dá uma força adicional e muito importante a este trabalho, bem como a excelente produção de Paulo Lopes nos Soundvision Studios. E para além de Max Tomé ser um músico e compositor de excelência, tem também uma das melhores vozes das redondezas, num registo que se poderia definir como uma mistura entre Nergal, Erik Rutan e George “Corpsegrinder” Fisher. 

“Abrasive Peace” talvez só peque pelos escassos 32 minutos de duração, se bem que a qualidade compensa plenamente a quantidade e... acreditem, sente-se que ainda há margem de crescimento para este projecto. Só nos resta dizer neste momento que se ainda não adquiriram “Abrasive Peace” devem já ir a correr fazê-lo. [8.8/10] N.C.

Data de lançamento: 7 de Março de 2012
Nota de estúdio: misturado e gravado por Paulo Lopes (Soundvision Studios, Portugal)
Estilo: death metal experimental
Origem: Porto (Portugal)
Formação: 2011

Alinhamento:
1. “Anthem To Chaos” (3:51)
2. “Demolish To Rebuild” (4:24)
3. “Pattern Of Disconnection” (3:12)
4. “The Epiphany” (4:40)
5. “In Turmoil” (4:14)
6. “Thou Shalt Not Be Benevolent” (4:30)
7. “Headless Endures” (2:13)
8. “Unplugged From The World” (6:06)
9. “Thou Shalt Not Be Benevolent” [Neutropics Remix] (4:19)
Duração: 36:09 minutos

Elementos:
- Max Tomé (voz, guitarra, baixo, sintetizadores)
- Dirk Verbeuren (bateria)

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