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Review

FACTORY OF DREAMS
“Melotronical”
[CD – ProgRock Records]

Mais de dez anos de carreira dedicados à música progressiva, repartidos entre trabalhos a solo e projectos como Sonic Pulsar e Project Creation. Hugo Flores tornou-se facilmente numa das personalidades mais prolíferas do metal nacional, uma espécie de Arjen Lucassen português. E quando já ninguém pensava que Flores tivesse a necessidade de criar mais uma entidade musical, eis que surge, em 2008, Factory Of Dreams.

Apesar de a filosofia manter-se basicamente a mesma, é nos Factory Of Dreams que o multi-instrumentista lisboeta aprofunda os seus dotes de orquestrador, com a ajuda preciosa da vocalista sueca Jessica Lehto, alcançando algo próximo de uma ópera de metal com uma costela gótica e electrónica. Melodias e ambientes abundam, em vez dos onanismos técnicos comuns neste tipo de música, e a capacidade vocal de Lehto eleva a uma dimensão superior este material.

Todavia, Flores parece perder-se na abundância das suas ideias, comprometendo claramente a fluidez de algumas canções. É óbvio que ninguém (ou muito poucos) espera encontrar o típico single neste estilo de música, mas quando a organização de todos os sons e arranjos chocam com alguma lógica e harmonia, temos o processo de assimilação verdadeiramente comprometido. E um dos factores que contribuem fortemente para o caos que se gera ocasionalmente é a bateria. Para além de soar demasiado plástica, o seu desenho não se costura minimamente com o que se passa ao seu redor em certos temas (parecem claramente deslocadas algumas rajadas de pedal-duplo). Para amenizar isso, é óbvio que Flores precisava de reduzir algumas camadas ao seu som, rever alguma escrita, e talvez dispor de outro budget para conceber alguma orgânica a esta produção e à própria mistura que, diga-se, torna-se extraordinariamente complicada quando temos uma série de instrumentos a fazerem coisas diferentes e todos a quererem soar à frente.

Para além disso, parece por demais evidente que Jessica precisa diversificar as suas linhas vocais, não obstante o seu fantástico potencial, e deixar o instrumental respirar melhor. Ou então dar mais espaço à excelente voz de Hugo.

Feitas as contas, “Melotronical” está longe de ser um álbum medíocre, mas a verdade é que terminamos a sua escuta sem recordações de algum riff ou refrão verdadeiramente memorável. E isto tudo apesar da mestria interpretativa e da magnitude do seu som. Um sinal claro de que a ostentação de melodias e arranjos nem sempre é sinónimo de música emotiva ou envolvente. [5/10] N.C.

Estilo: Metal progressivo/sinfónico/gótico

Discografia:
- “Poles” [CD – 2008]
- “Strange Utopia” [CD – 2009]
- “Melotronical” [CD – 2011]
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