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Review

MOURNING LENORE
“Loosely Bounded Infinities”
[CD – Major Label Industries]

Para muitos (açorianos), Mourning Lenore é como que um acto de garra colonizadora, neste caso por parte de João Arruda que, para além da sua ligação à música como guitarrista, teve um fulcral papel no desenvolvimento da cena metaleira açoriana através da criação do site Metalicidio.com.

Deixando o seu “ecossistema” insular para seguir outros rumos pessoais e profissionais, não desistiu de criar música, particularmente na área do doom (sua reconhecida paixão) e, já em Lisboa, lançou anúncios que o levaram até outros devotos desta sonoridade e que comungavam de ideia de criar um projecto com esses contornos.

Assim nascem os Mourning Lenore, em 2008. Enfatiza-se logo à partida, e com inteira justiça, o trabalho mostrado até hoje que culmina com um álbum de estreia com estofo de vanguarda e os promete colocar imediatamente na lista de referências doom nacionais com as normais (e legítimas) aspirações internacionais.

Se em termos conceptuais já nada se espera de revolucionário, tal como na maioria dos estilos musicais, este disco cumpre a toada lenta e consequentemente extensiva do doom, como comprova a média de duração de dez minutos destes seis temas. Mas isso só pode ser negativo se a capacidade de percepcionar e interpretar o estilo for “baça”. A verdade é que aqui não se dá pelo tempo a passar. Existem camadas e sensações escrupulosamente ordenadas que nos entretêm (ou melhor, envolvem) durante praticamente todo o disco. Convenientemente melancólicos, os seis temas aqui apresentados esclarecem com todos os pontos a consciência deste quarteto quanto ao que o estilo é e deve sempre ser. Não é por acaso que em tão pouco tempo a banda atingiu esta solidez.

No fundo, “Loosely Bounded Infinities” não é nenhuma “pedrada no charco”, nem é isso que se espera. Vejamos por outro prisma: será já uma enorme vitória conseguir-se criar, “simplesmente”, temas que nos “tocam”. Para ser mais preciso em termos de contexto musical, as influências invocadas pela banda no Myspace não poderiam ser mais coerentes. Portanto, neste álbum poderão ouvir-se muitas harmonias de guitarra ao jeito de uns Paradise Lost, uma brutalidade vocal ao jeito de uns Process Of Guilt (verdadeiramente escabroso o registo de Pedro Galrito) ou ainda uns rendilhados ambientais tirados de um universo Mogwai.

São pérolas soturnas como estas, mas recheadas de brilhantismo, que fazem do espectro doom nacional um cada vez mais imponente e fecundo viveiro de talentos. [8.1/10] N.C.

Estilo: Doom/Death Metal

Discografia:
- “Daemonium 3rd Anniversary” [Split CD c/ Insaniae – 2009]
- “Loosely Bounded Infinities” [CD 2010]
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