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Review

ENID
“Gradwanderer”
[CD – Code 666/Recital]

Bem, este terá sido, porventura, um dos álbuns mais surpreendentes e, simultaneamente, “confusos” que nos chegaram nos últimos tempos. “Gradwanderer” é o quarto trabalho dos germânicos Enid. Este desafia qualquer tentativa de catalogação mas os seus próprios compositores definem-no como Independent Music ou Avantgard Metal. Sem dúvida que acabam por ter toda a razão pois o que fazem é completamente autónomo, independente, descomprometido e longe de quaisquer comparações possíveis ou mais óbvias.

Pelo que me foi dado a perceber numa pesquisa, o passado deste colectivo coincide com uma vertente que pouco [ou mesmo nada] tem a ver com o que praticam hoje em dia: o black metal. Não obstante alguns, embora ligeiros, resíduos que prevalecem desse tempo, nomeadamente a velocidade e os blastbeats do tema “Gradwanderer”, todo o resto se dissimulou agora em vozes límpidas, melódicas, guitarras fortes mas muito mais rock do que metal, apontamentos clássicos, folk e até bluesy.

Tudo isto parece impossível para uma banda nos dias que correm, muito menos para uma ex-banda de black metal mas talvez por isso os Enid se tornem numa saborosa oferta repleta de liberdade e frescura musical. Excelentes executantes, fazem questão de demonstrar toda a sua variedade e polivalência musical ao longo dos temas, tornando cada peça um autêntico cocktail de sabores e sensações, conseguindo mesmo atingir momentos de considerável genialidade.

Temas como “Silent Stage” ou o épico de 15 minutos “Die Seelenstein”, acabam por revelar uma facção mais intimista e baladesca em dois dos momentos mais interessantes de todo o trabalho. E isso tudo pela admirável sensibilidade clássica que o piano confere, especialmente aqui mas também um pouco por todo o álbum. Deveras um dos elementos mais fortes deste trabalho.

Outra das excentricidades são os arranjos folclóricos e medievais e os coros eruditos que nos fazem lembrar qualquer coisa como “Vozes da Rádio”, num exercício deveras surpreendente e invulgar num trabalho de metal… Ou talvez isso não seja metal? A verdade é que aquilo que poderá ser o trunfo dos Enid, muito facilmente se pode tornar na sua sentença.

Os Enid estão longe de ser uma banda de consumo fácil, mesmo perante tanta diversidade. Para os amantes de metal mais “clarividente”, chamemos-lhe assim, este é um trabalho que poderá provocar aversão imediata. Para os mais abertos e aventureiros este poderá ser o álbum ideal! No entanto, é por essas e por outras que se torna muito difícil definir o trabalho dos Enid e muito mais antever o que quer que seja sobre o seu futuro. Entretanto, fica a nota de que temos aqui belíssimos músicos.

[7/10] N.C.
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