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Review

MAYLENE AND THE SONS OF DISASTER
“II”

[CD – Ferret Music]

Muita gente seria incapaz de pensar que a força do rock forjado no sul das terras do Tio Sam, com grande fulgor na década de 70 graças a nomes como The Allman Brothers Band ou Lynyrd Skynyrd, poderia persistir até aos dias de hoje e impulsionar tantos jovens músicos. Este estilo de música em si continua com uma vitalidade fora do comum, direi, pela essência rock e blues que comporta e que é sempre capaz de nos deixar derretidos de prazer. Para além disso, esta região americana merece todo o nosso respeito uma vez que foi a origem, nos anos 50, dos primeiros rock’n’rollers – como Elvis Presley, Little Richard, Bo Didley e Jerry Lee Lewis – dando pouco depois o mote para o surgimento da vaga sessentista de bandas de rock e heavy metal britânicas. E é precisamente partindo desta natureza – quais ímpetos revivalistas – que se ergue o segundo trabalho dos, como não poderiam deixar de ser, sulistas, mais concretamente de Alabama, Maylene And The Sons Of Disaster.

Formado em 2004 quando Dallas Taylor deixou os Underoath para se juntar às suas fileiras, este sexteto, que busca o seu nome e conceito lírico a um gang dos anos 20 e 30 comandado por Ma Barker e seus quatro filhos, traz de novo os riffs crespos, duros e directos do verdadeiro rock’n’roll em cruzamento com uma produção moderna e um registo vocal em regime screamo. Os solos apresentados são absolutamente contagiantes e fazem-nos recordar os percursores do género­ – aos nomes atrás citados, acrescentemo-lhes ZZ Top e Motörhead, por exemplo - em sinergia com uma batida a implodir com os nossos intentos roqueiros. Apelidados também como uma banda de christian rock, a verdade é que os MATSOD não dão espaço a lamechices ou lições de moral baratas ao longo destes 11 temas . Pelo contrário, a rebeldia destila destes corpos que em certos momentos parecem tresandar a whiskey e ambiente rural.

“II” sucede ao EP “The Day That Hell Broke Lose At Sicard Hollow”, lançado em Fevereiro deste ano - já compondo alguns temas presentes deste novo trabalho - e é, como o próprio nome indica, o segundo longa-duração do colectivo. As excelentes críticas recebidas aquando do seu primeiro capítulo discográfico valeu-lhes um contracto com a poderosa Ferret Music e o EP, já citado, foi o primeiro fruto desta aliança. O sucesso tem crescido desmesuradamente em seu torno, quer através de classificações honrosas em poles de revistas, nomeações para novas promessas do rock’n’roll, quer à projecção que tiveram com a sua participação na edição 2006 da Warped Tour ao lado de nomes como P.O.D, Zao e Throwdown.

É difícil apontar momentos menos bons a “II”. A certeza do talento dos MATSOD é quase imediata. Estes absorvem-nos desde os primeiros instantes do inicial “Memories Of The Grove” pelo seu solo rasgado e cheio de atitude como já é difícil de ver hoje em dia, até ao sereno fechar com “The Day Hell Broke Loose At Sicard Hollow” que nos faz imaginar a caminhar calmamente por uma cidade isolada no deserto com o sol “vermelho” a pôr-se ao longe e o vento árido a bater-nos na cara enquanto sorvemos o último gole de whiskey após um tiroteio vitorioso entre gangs do “Old West”. Os MATSOD podem não fazer mais do que recuperar a mística das mais puras raízes do rock, mas a verdade é que nem todos o conseguem fazer com esta mestria.

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