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Review

CRADLE OF FILTH
“Nymphetamine”
[CD – Roadrunner/Universal]

Já se sente alguma dificuldade em falar dos Cradle Of Filth. Uma banda que marcou definitivamente a face do black metal e o tornou, até certo ponto, num género respeitado em plena "luz do dia", quer os mais puristas gostem ou não. De facto, um autêntico fenómeno de massas, os Cradle Of Filth fazem o que bem lhes apetece há mais de uma década e isso reflecte-se ora em álbuns soberbos e verdadeiramente históricos, ora em outros menos bons mas mesmo assim interessantes [ou tivessem estes vendido mesmo a "alma ao diabo"].

Longe já vão os tempos de álbuns como “The Principle Of Evil Made Flesh” ou "Dusk… And Her Embrace”, autênticos marcos intemporais nas hordas do black metal, mas a verdade é que os Cradle Of Filth nunca foram capazes de fazer um álbum mau e para muitos seria mesmo um privilégio ter gravado qualquer um dos álbuns menos positivos destes britânicos. Compreende-se que, após tanta euforia, alguns ouvidos se comecem a cansar da fórmula "Cradle Of Filth", mas a verdade é que a banda continua a manifestar uma independência, um carácter e uma personalidade que poucos teriam após tanta mediatização, tantos concertos e tantos álbuns. Não é fácil acarretar o peso de ser uma das mais importantes bandas [senão a mais importante] do black metal mundial ainda mais com um arranque de carreira tão marcante. A verdade é que os Cradle Of Filth continuam em excelente forma. Talvez só aos olhos mais empoeirados de pseudo-fãs, mais invejosos que interessados em ouvir a própria música, insistam em derrubar uma reputação que, não obstante momentos menos bons, continua inabalável. É o normal desenrolar de acontecimentos quando se ouve uma banda apenas por charme modista e depois de algum tempo, quando a moda “acalma” e é preciso gostar-se da música independentemente daquilo que ela representa num tempo ou numa sociedade, inverte-se a "táctica" e tenta-se derrubar um nome às custas do insulto, proclamando o fim de algo que ainda está muito longe disso. Como se sentissem “dor de cotovelo” por verem que a “barraca” abana, mas não cai!

À parte disso e passando a apresentar este “Nymphetamine”, nota-se, acima de tudo, a liberdade de um álbum que foi construído sem a preocupação de um conceito. Apenas pela força que cada música possui para se suportar autonomamente numa colecção de canções. E é isto que se sente no ar quando se ouve este “Nymphetamine”. Apesar da grandiosidade de “Damnation And A Day”, sabe bem voltar a ouvir um álbum mais directo e descomprometido de Cradle Of Filth. E quando se ouvia um membro da banda declarar que este era um álbum algures entre “Damnation And A Day”, “Cruelty And The Beast” e “Midian”, cremos que a análise não poderia estar mais correcta. Aliás, até lhe acrescentamos que este álbum resume muito do que foi a carreira dos Cradle Of Filth em todos os seus momentos.

Talvez a maior novidade aqui apresentada seja o som de guitarra, elevado por Rob Caggiano a um patamar mais moderno e acutilante. De resto, Dani Filth continua a arrepiar com a amplitude das suas vocalizações e Martin “Foul” Powel volta aqui a ter um papel fundamental na criação de atmosferas góticas e obscuras, daquelas que outrora tanto nos deliciavam [escutem “Absinthe With Faust”, “Swansong For A Raven” ou “Gabrielle”]. Destaque ainda para a participação de Liv Kristine [Leaves’ Eyes, ex-Theater Of Tragedy] em “Nymphetamine (Overdose)” e “Nymphetamine Fix” num dos mais belos temas do disco.

Os Cradle Of Filth voltam assim às lides discográficas com um álbum que, apesar de estar longe de superar a genialidade das suas obras-primas mais antigas, serve uma excelente dose de elegância e virtuosismo num exercício mais directo e cru que acaba por saber bastante bem.

[9/10] N.C.
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