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Review

ALL SHALL PERISH
"Hate.Malice.Revenge"

[CD - Nuclear Blast/Mastertrax]

Editado este ano na Europa e no mundo através da poderosa Nuclear Blast, mas já antes lançado pela japonesa Amputated Vein Records, “Hate.Malice. Revenge” é o disco de estreia dos norte-americanos All Shall Perish, oriundos de Oakland na famosa Bay Area. Numa fase de políticas capitalizadoras, joga-se em nome do retorno financeiro em detrimento do valor artístico e isso explica que bandas como os All Shall Perish só tenham sido verdadeiramente descobertas mais tarde.

Como felizmente aparece sempre alguém com bom senso, os All Shall Perish dão agora um passo de gigante ao assinarem pela grande potência afirmada que é a Nuclear Blast que, apesar deste estatuto, é das poucas que ainda mantém a postura em defesa das capacidades artísticas e não de nenhuma tendência em concreto. Não santificando o trabalho da Nuclear Blast, até porque esta também já chega a ter alguns nomes de metalcore no seu catálogo [porque é preciso sobreviver, sim!], a discográfica alemã dá-nos assim a conhecer um dos mais talentosos e devastadores colectivos de death/metalcore resultante destas novas gerações de músicos. Mas atenção que esta não é uma banda de potencial comercial como poderiam imaginar ao mencionarmos o termo metalcore, muito longe disso, estando sim o imaginário criativo dos All Shall Perish muito mais ligado ao death metal mais brutal e técnico do que, definitivamente, a bandas como os Killswitch Engage ou Chimaira. Isto significa que temos aqui um álbum algures entre a sonoridade de uns Hate Eternal, Six Feet Under, Brujeria ou Dying Fetus.

Não obstante muitas outras alusões que nos poderão assolar ao longo do disco, este soa a tudo menos monótono e previsível. Aliás, este é um disco que se demarca pela sua dinâmica e temperamento, ora em regime ultra-pesado – com os blastbeats ultra-sónicos de Matt Kuykendall a darem um ritmo frenético ao preparado –, ora em regime igualmente pesado mas muito mais compassado e balançado.

Poder, atitude, rapidez e groove resumem os pontos fortes deste disco. Como já dissemos, Matt Kuykendal e Mike Tiner [baixista] constituem uma secção rítmica infernal, demonstrando equilíbrio contido e ao mesmo tempo desenfreado, não hesitando em aliar à velocidade dominante a técnica imprescindível [no final de “Laid To Rest” temos um pequeno pormenor de baixo que nos deixa bem explícitos em relação ao potencial técnico dos seus elementos].

Junto a tudo isso umas guitarras muito competentes e sempre muito pesadas, com a maneira extremamente gutural com que o vocalista Craig Betit aborda as composições, concluímos que os All Shall Perish são um híbrido moderno, versátil, mais death é verdade, mas ainda assim capaz de agradar a muitos outros ouvidos e mentes mais divididas entre o conservadorismo e a vicissitude dos novos tempos. Por isso mesmo, e pelo mérito de fazerem as coisas muito bem feitas, mesmo que sem inovações, este é, sem dúvida, um excelente disco de música mais extrema.

[9/10] N.C.
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