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Review

RAMP
“Nude”

[CD - Paranoid Records/Universal]

E que melhor maneira para fechar tão rico e produtivo ano para o metal nacional do que o regresso dos nossos afamados Ramp? Ausentes dos discos desde 1999, ano em que lançaram o seu primeiro registo ao vivo - "Ramp...Live" - e a suceder o seu último trabalho de originais que já data de 1998 – "Evolution, Devolution, Revolution" - os Ramp aparecem agora com uma nova cara e despidos de qualquer preconceito lançam o seu quinto álbum. Após pormos o disco a girar no leitor de CD's é interessante verificar como a banda parece ter entrado numa nova fase mas ao mesmo tempo como mantém intacta a identidade Ramp que conhecíamos. O que parece ter acontecido na realidade aos Ramp, e que se sente ao longo dos temas foi, para além de um amadurecimento como músicos, um amadurecimento como seres humanos. Sem querer com isso dizer que a banda amaciou o seu som, a verdade é que sentimos com “Nude” um ambiente muito mais intimista do que nos anteriores trabalhos, muito graças a “Alone”, o single de apresentação que se revela um belíssimo momento de melodia, introspecção e sensibilidade.

Sem esconder que fiquei algo apreensivo enquanto não ouvia o resto do trabalho, não fossem os Ramp por algum motivo descambar num registo demasiado meloso, no entanto, vi logo os meus receios dissipados ao escutar o tema de abertura -“Prime”-. A dupla Ricardo Mendonça e Tozé nas guitarras continua cheia de garra e a destilar riffs bastante poderosos como se pode testemunhar no já referido “Prime” bem como em “In Sane”, “S.H.O.U.T.”, este com um refrão a fazer lembrar uns Static-X, “XXX (fan)tasy” com um riff inicial verdadeiramente esmagador e um balanço rítmico a fazer lembrar Pantera. Ainda por último, “Drop Down” a faixa final do disco que deixa antever momentos de grande frenesim e mosh para as actuações ao vivo.

Rui Duarte presta-se a um desempenho notável nos registos melódicos como se pode ouvir nos refrões de “Alone”, “XXX (fan)tasy” ou “Newborn” e quando o inverso lhe é exigido, Rui Duarte sabe muito bem como projectar potentes registos graves e agressivos. A secção rítmica, formada por João Sapo no baixo e Paulo Martins na bateria mostram-se competentemente a reforçar o impacto que cada tema carrega.

“Nude” é sem dúvida um dos melhores discos de Ramp e também o mais eficaz. Cada tema possui o equilíbrio perfeito entre peso e melodia e um grande poder de contagiar com os seus refrões. Produzido pela própria banda nos Tintim Studios e Scum Studios em Portugal e masterizado por Klai Blankenberg nos Skyline Studios na Alemanha, o som do disco apresenta um excelente resultado mostrando que a banda sabe muito bem o que faz também noutros campos, muito graças a Ricardo Mendonça que é o maior responsável pelo aspecto sonoro do disco.

Também no aspecto visual, nada foi negligenciado e o disco apresenta um look no mínimo original. Para além do seu formato ser especialmente dedicado aos deficientes visuais tendo por isso na capa o nome da banda e do álbum inscrito em Braille, como forma de relembrar o Ano Europeu para as Pessoas com Deficiência, conta ainda com um booklet muito interessante e até, diria, algo assustador!

Resumindo, a juntar a “The Antidote” dos Moonspell e “Zero Order” dos Re:Aktor na lista dos melhores do ano no nosso território, “Nude” e uns Ramp num regresso em grande estilo.

[9/10] N.C.
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