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Review

CRADLE OF FILTH
“Damnation And A Day”
[CD - Sony Music Uk/AbraCadaver]

“Damnation And A Day” ficará marcado, para além de muitas outras coisas, como o primeiro disco dos Cradle Of Filth a ser editado com o selo de uma multinacional. Perante a contestação de muitas vozes do underground que, por inveja ou preconceito, insistem em classificar esse tipo de contracto como a certidão de “venda” do grupo britânico ao comercialismo imediatista, “Damnation And A Day” surge como a melhor força descomprometedora de todos esses juízos. Aliás este novo disco mostra-se tudo menos um disco macio e “amigável” destinado às malhas do mainstream, e que apesar de os COF vestirem agora a camisola de uma editora que por norma contracta boys bands e artistas de dança, o grupo manteve a sua integridade musical imaculada.

Ao fim de dez anos de carreira, seis trabalhos de originais, um Best Of e um registo ao vivo, entre mais alguns itens da já vasta discografia, confesso que a assimilação deste disco não me foi nada fácil. Primeiro porque há sempre a estranha sensação de que obras como os primeiros discos da banda não são passíveis de serem superadas e segundo porque, realmente, o disco apresenta uma concepção, tanto a nível lírico como musical, dos mais intrínsecos que a banda conseguiu até hoje. Dani Filth revela-se uma vez mais um fabuloso “poeta negro”, recriando aqui a viagem de Lúcifer desde a sua expulsão do paraíso até à perspectiva de corrupção que leva a humanidade a um destino trágico. Com o subtítulo de “From Genesis To Nemesis”, o disco apresenta-se em 17 faixas divididas em 4 capítulos, naquele que é o mais longo registo da banda – contabiliza ao todo cerca de 80 minutos de duração - onde é impossível ficar-se indiferente aos sublimes arranjos orquestrais da The Budapest Film Orchestra” [com 40 elementos] e das magníficas vozes do Budapest Choir Orchestra [com 32].

Para além de todos esses elementos que reforçam em grande escala a profundidade obscura do álbum, destacaria ainda os diferentes ambientes que a guitarra de Paul - aqui misturada por Rob Caggiano, guitarrista dos Anthrax - proporciona, ora remetendo-nos para uma sonoridade mais tradicional ora para um arrasador death metal e até mesmo emprestando um aroma gótico ao disco. O baterista Adrian consegue, quanto a mim, o desempenho mais inspirado desde que incluiu os COF num disco que mostra também umas vocalizações filthianas cada vez mais versáteis e arrepiantes. Com uma produção notável de Doug Cook, este é, com certeza, um dos melhores e mais completos discos da banda até à data.

[9/10] N.C.
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