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Entrevista Zymosis

NO COVIL DA BESTA

O black metal há muito que perdera expressão no meio metaleiro açoriano. Entretanto, eis que surgem os Zymosis, na boa e velha tradição norueguesa, a debitar um black metal brutal e melódico como há muito não se via por essas paragens. Formados em 2001, embora a formação actual só exista desde 2003, e oriundos de S. Roque, nos arredores de Ponta Delgada, os Zymosis preparam-se para lançar este mês a sua primeira demo CD intitulada “Disharmonical Symphony Of Black Dimensions”. A antever o seu lançamento, a SounD(/)ZonE este à conversa com o guitarrista e fundador Skalvik.

Os Zymosis formaram-se em 2001 a partir do imaginário comum entre ti e o Ruben Medeiros. Conta-nos como foi o vosso percurso até hoje. Muitas alterações decorreram entretanto. O Ruben saiu, outros membros entraram...
A banda começou com muitas dificuldades visto que ambos estudávamos e não tínhamos dinheiro para material mais adequado. No entanto, em 2002 quando começámos a trabalhar, tivemos mais hipóteses de adquirir algum material, o essencial para começar. O line-up foi-se formando com algumas entradas e saídas, acabando por se definir em definitivo em 2003, altura em que o Ruben saiu por motivos profissionais. Para o substituir veio um antigo elemento da banda, o Bruno Carreiro, e deste modo a banda começou a trabalhar sem nunca mais parar.

Desconhecia-vos completamente como músicos. No entanto, vocês não me parecem estreantes... é assim?
Sim é verdade. O nosso baterista Medrontheus e o nosso guitarrista Lucien, já tiveram um projecto juntos e o nosso vocalista, o carismático Negaratus, foi baixista de uma banda de death metal da década de noventa dos Açores, os Mutilated. O nosso teclista é aluno de conservatório e desde a sua entrada as coisas mudaram um pouco, porque tu sabes, o teclas no black metal melódico é essencial, ou melhor, fundamental.

No que foi que vocês pensaram quando criaram os Zymosis? O meio metaleiro açoriano há muito que anda algo indiferente a este tipo de sonoridade. Achas que ainda há espaço para uma banda como os Zymosis?
Não pensamos nisso, simplesmente, seguimos as nossas influências musicais. Era black metal que queríamos tocar, provocar a multidão, dar concertos muito negros e pesados. Queremos ser uma banda que marque presença no meio musical de cá e além fronteiras. Tudo depende de nós. Achamos que há sempre lugar guardado para uma banda, agora tudo depende dela própria, se quer vender ou não. Para isso são precisos alguns esforços e muita força, e isso não nos falta.

Já agora, o que é que achas que originou essa mudança de mentalidade por parte do público açoriano? As bandas de black metal que fizeram furor nos Açores há uns tempos atrás acabaram todas por se extinguir e hoje a tendência é bem mais “moderna”, mais mainstream.
Isso tudo se resume numa palavra, mentalidade. As pessoas de cá ainda são muito tímidas e preconceituosas quando se refere ao black metal. Vêem-nos como uns satânicos ali pintados, com picos espinhos, balas, velas, etc, etc. O black é estilo de vida e cada pessoa está livre de viver como bem entender. Se nos depararmos com o mundo, ele é negro em tudo, e nós só reflectimos todas essas coisas negras... É um estilo musical conhecido por ter tendências satânicas mas nós não somos satânicos. Simplesmente transmitimos através das nossas composições sentimentos de ódio, blasfémia, guerras, religiões, e outros mais, que ao fim e ao cabo, é o nosso negro mundo. Quanto às bandas de black metal que já existiram nos Açores, acabaram porque assim era o destino delas. Espero não ser o mesmo para nós, porque vamos revolucionar o meio musical nos Açores e, esperamos, não só.

No entanto, é notório que géneros como o nu-metal, por exemplo, têm vindo a perder claramente força e nota-se já um certo ressurgimento do metal mais underground um pouco por toda a Europa. Sentes que isso já se começa a notar por cá? Os concertos têm servido para tirar alguma conclusão?
Quanto a esta pergunta, não a vou comentar porque acho que cada um segue o seu estilo e gosto musical, independentemente de qual for ele. No entanto, está a haver bastantes ressurreições no metal underground e isso deixa-nos bastante felizes porque, o que queremos, é ver o metal a crescer.

Dois registos já editados! Como têm sido as reacções?
Bem, ainda é só um, a promo CD live “Welcome To The Devil’s Lair – Live Beside The Church”. Mas desde já digo que foi com esta promo, independentemente do som ser o melhor ou não, que passámos a ser conhecidos. Recebemos críticas um pouco de todo o lado desde a China, Austrália, México, Chile, etc. E com a mesma veio a hipótese de grandes convites para editar a nossa nova demo, demo essa que será então o segundo registo da banda que vai ser lançado pela D.M.K. Lda numa edição de 666 cópias um pouco por todo o mundo, mas com maior incidência na Noruega, visto ser um país de fortes raízes negras no que diz respeito ao black metal. A demo terá por título “Disharmonical Symphony Of Black Dimensions” e contém uma intro e mais quatro temas. Vai ser uma maqueta com management da Metavirus, empresa de management, distribuidora, etc.

De facto, fiquei um bocado desanimado quando ouvi o som da vossa maqueta ao vivo... O som, não é dos melhores e não faz jus à vossa música. Entretanto, mesmo assim, vocês decidiram editá-la e distribui-la pela imprensa. Não tiveram qualquer tipo de receio?
Sabemos que o som não é o melhor mas tens que ver e ouvir esta maqueta como uma relíquia de uma banda que gostas e vais ver que esqueces a qualidade. Aceitamos logicamente as críticas feitas à qualidade mas foi o que queríamos na altura e aproveitámos a maqueta para nos apresentarmos ao mundo musical. Arriscámos e ainda bem que as críticas não foram assim tão más.

Vocês apesar de ainda serem uma banda nova têm demonstrado bastante dinamismo e profissionalismo! Qual tem sido o segredo? O facto de vocês terem um manager a tomar conta dos vossos destinos tem “pesado” muito neste resultado?
Como é de todos sabido, somos uma banda muito nova e queremos dar todos os passos até nos tornarmos uma banda adulta. O dinamismo e profissionalismo surge daí. Não há segredos, simplesmente temos de ser amigos, estarmos unidos e gostarmos todos daquilo que fazemos.

Como foi que surgiu a hipótese do Paulo Jorge Sousa [ex-guitarrista Prophecy Of Death] ser vosso manager?
A banda decidiu convidar alguém para ser manager da banda. Através da amizade do nosso vocalista Negaratus com o Paulo Jorge Sousa, ex-elemento e fundador dos Prophecy Of Death, uma das bandas mais marcantes do metal nos Açores, decidimos convidá-lo para nosso manager e, como vês, as coisas têm corrido muito bem. Nós só fazemos as músicas nas quais ele, por acaso, também nos ajuda, visto já ter tido mais de dez anos de banda. Ele tem muitos contactos e através dessas arranja mais e, assim, nós temos aparecido em várias rádios nacionais e estrangeiras. Muitas mais novidades vão saber quando chegar a altura. Estejam atentos.

Falando agora da vossa nova demo “Disharmonical Symphony Of Black Dimensions”... Estão satisfeitos com o resultado final, atendendo às circunstâncias em que foi gravada?
Estamos satisfeitos sim. Nesta demo CD estão os verdadeiros Zymosis, sem misturas, sem todas as coisas que se podem fazer em estúdio, é uma demo. As circunstâncias foram as que escolhemos na altura e achamos que quem gosta de black metal de certeza que vai gostar.

O António Pimentel aparece aqui como produtor. Não o imaginava a gravar algo desse género... Como foi que ele veio aqui parar?
O António Pimentel aparece como um conhecido do Paulo Jorge Sousa, e assim foi. Lógico que ele não é uma pessoa especializada dentro do heavy metal mas com a companhia do Paulo Jorge como co-produtor ficou um trabalho engraçado, atendendo às circunstâncias. Estamos satisfeitos e gostamos muito de o conhecer.

Quanto aos temas, o que é que as pessoas podem esperar deles?
Quanto aos temas, as pessoas podem esperar deles bom black metal melódico, por vezes pesado e brutal. Com vozes que fazem lembrar Dimmu Borgir ou até mesmo Cradle Of Filth mas com um “cheirinho” a Zymosis que é o nosso principal objectivo, criar a nossa própria identidade.

Como dizias há pouco, vocês surgem agora também ligados a uma organização underground da ilha Terceira que, segundo parece, pertence a uma banda local, corrige-me se estiver enganado. Como foi que chegaram até ela? Desconhecia-a por completo...
Sim, a nossa editora a D.M.K. é uma empresa com sede em Angra do Heroísmo que por sua vez também está ligada à DiabolicalArt Productions, empresa que está a cargo da construção do nosso site e também management. Agora corrijo-te, a D.M.K. não pertence a nenhuma banda. Pelo contrário, ela representa bandas como por exemplo os espanhóis Daemonlord.

Eles dispõem dos meios para vos levar mais longe?
Para já é uma editora com algum potencial e pessoal muito profissional. Dispõem de muitos e bons meios para nos promover. Vão editar as 666 demo-CD’s, talvez mais de um tipo de material merchandise, como por exemplo, t-shirts, bonés, etc. É uma editora da qual decidimos aceitar a proposta de lançamento que desde logo nos satisfez e superou as propostas das outras duas editoras.

E para terminar, quais são os vossos planos a curto e longo prazo? Falava-se numa ida ao continente para breve...
Os nossos planos estão mais alargados. Temos agora umas participações em algumas compilações em CD, como por exemplo, uma compilação da Midgard Records com bandas de renome. Temos também previsto um split CD com os Daemonlord, os Thy Primordial e uma outra banda americana que agora não me lembro o nome. No final do ano, em princípio, vamos iniciar as gravações do próximo registo em formato ainda por definir e ainda rever umas coisas, como por exemplo, concertos nas ilhas e continente. Tudo se irá ver. Por agora, só me resta agradecer à SounD(/)ZonE a oportunidade da entrevista e que tudo vos corra bem.

Nuno Costa
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