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Entrevista Sedative

METAL ANTI-DEPRESSIVO

Três anos já se passaram desde que Ponta Delgada viu nascer os Sedative. Desde então, as mudanças operadas no seio da banda foram mais que muitas e até no âmbito musical mudaram consideravelmente de rumo e talvez por isso fiquemos com a sensação de que esta se trata de uma banda nova. De um grunge “pós-operatório” para um nu-metal mais em voga, os Sedative conseguiram ainda assim sobreviver a todas essas mudanças e estão hoje apostados em recuperar todo o tempo perdido. À conversa com “Didi” – baixista e membro fundador do grupo – a SounD(/)ZonE tentou desvendar a fórmula “química” deste sedativo musical.

Parecendo que não os Sedative já existem há algum tempo... Como foi que tudo começou?
Tudo começou numa brincadeira... Tocávamos com um grupo de amigos muito unido e nessa altura só queríamos tocar covers de Nirvana e Silverchair só para gozo próprio. No Verão de 2001, mais propriamente em Agosto, começámos a levar as coisas mais a serio, e assim surgiram os Sedative. Com uma semana de ensaios fomos convidados a tocar e isso levou-nos a pensar em continuar o projecto com mais empenho.

No entanto, o vosso percurso tem sido um pouco atribulado com a entrada e saída constante de elementos. O último a sair foi o vosso percussionista há bem pouco tempo. O que é que se tem passado?
Realmente os Sedative durante estes anos todos sofreram muitas alterações na sua formação, o que não contribuiu nada para a nossa consolidação como banda e na forma como poderíamos evoluir dentro do nosso estilo musical. O que acho interessante é que todos os que saíram dos Sedative formaram uma banda, o que nos leva a acreditar que se queriam afirmar dentro de algo mais de acordo com os seus gostos pessoais. Já agora, o nosso percussionista -"Caveira"- não saiu, ele apenas teve uns problemas que felizmente já foram resolvidos

No início a banda perfazia uma sonoridade bem diferente da actual, passando de um grunge para uma abordagem mais moderna, agressiva, mais “nu”. Qual foi a razão desta mudança?
A mudança será talvez fruto da manutenção dos elementos base da banda durante mais de um ano. Penso que agora estamos num bom caminho, estamos mais unidos do que nunca e também evoluímos muito em termos musicais. Temos muito respeito pelo grunge mas como se costuma a dizer, "grunge is dead"! São épocas que acabam, como o nu-metal também irá acabar um dia...No entanto, é o facto de nos mantermos juntos há algum tempo que nos fez mudar o nosso estilo musical. Este será para manter mas isso é sempre muito relativo afirmar pois estamos sempre em constante evolução e os gostos mudam originado temas diferentes. O que também irá influenciar o nosso som será talvez a guitarra de 7 cordas do Zé, sendo que assim passamos a ter um som um pouco mais agressivo.

Ao assistir ao vosso último concerto notei que passaram a apostar mais na componente visual. A tendência é para se manter? Até que ponto acham que isso pode contribuir para uma banda?
Não sei se contribui muito mas acho que damos mais valor à música em si do que propriamente ao nosso aspecto visual. A componente visual é aleatória, depende de muitos factores, depende da disposição, depende do sítio onde vamos tocar, etc. No entanto, nada nos impede de continuar a apostar no visual.

Também a nível sonoro notei em vocês algumas influências bem vincadas e algumas, curiosamente, muito chegadas a Tolerance 0 sobretudo ao nível das vozes. Eles são já uma grande referência para vocês?
Os Tolerance 0 deviam ser uma referência para todas as bandas de S. Miguel, pois foram eles que revolucionaram o panorama musical desta terra e temos muito respeito por eles. Agora quanto a influências, acho que se elas existem não são intencionais, até porque começamos a apreciar mais as músicas deles só agora que o álbum saiu. Antes do álbum era mesmo ir aos concertos e pular dar, pontapés, etc. Não somos diferentes dos outros...

E de resto, como assumem a vossa identidade musical?
Penso que não se pode catalogar muito bem a nossa identidade musical... Acho que se enquadra no nu-metal mas não é tão fácil como isso identificar o nosso som. Se repararem bem, temos ainda uma pitada de grunge. É algo que fazemos por respeito às nossas origens mas, sem dúvida, identificamo-nos mais com um estilo do tipo Slipknot ou Headdrop... e claro, Tolerance 0 bem como outras bandas açorianas com qualidade.

O nome Sedative representa o quê para vocês? Sentem-se realmente deprimidos e a precisar de um tranquilizante?
(risos) Não, não nos sentimos deprimidos mas até tínhamos razão para estar porque existem pessoas constantemente a nos criticarem e a tentarem passar-nos por cima... Mas para estas pessoas mostramos-lhes o dedo do meio! Quanto ao nome, tem um significado especial porque foi o primeiro nome que arranjámos e gostamos logo dele. Talvez porque entra bem na cabeça das pessoas e soa bem, penso eu... De resto, não vamos fazer um “filme” com esse nome, é apenas mais um nome...

Uma vez que vocês são muito jovens e, pelo que sei, até os vossos próprios pais tem sido difícil convencer de que a música é um caminho válido a seguir, até que ponto estão dispostos a lutar para levar a vossa avante?
Vamos lutar até aos limites das nossas forças! Só ire-mos desistir quando for mesmo impossível continuar a tocar mais. Eu nem quero pensar nisso pois somos ainda muito novos... Por enquanto está tudo bem.

Neste momento como estão de repertório?
O repertório será aumentado com 3 temas novos, compostos já com a guitarra de sete cordas. Tentaremos ser o mais agressivo possível e esperamos que o pessoal se divirta ao máximo, seja a pular ou a falar mal, pois está muito na moda falar mal dos outros, a realidade é essa.

Já pensam gravar alguma coisa? Quais são as vossas maiores prioridades no momento?
Já temos alguns temas gravados, mas estão em standby. Por enquanto a nossa maior prioridade será mesmo finalizar o nosso site. Uma vez concluído, iremos colocar alguns temas à disposição e quem sabe alguns vídeos caseiros. Por enquanto, só temos estes objectivos em mente e fazer muitas actuações, claro!

Qual é a tua opinião sobre o estado da música aqui nos Açores?
As vezes admiro-me com a qualidade do som que se produz nos Açores mas a historia é sempre a mesma: não existem apoios, o público não aparece, ninguém dá força às bandas de garagem mas, apesar disso, penso que estamos no bom caminho. O grande problema é termos que trabalhar o dobro para podemos ganhar o respeito do nosso público que continua muito reservado.

Para terminar, os Sedative já têm algumas datas confirmadas para esse verão?
Temos alguns concertos marcados mas ainda não temos as datas confirmadas. Em princípio, os próximos concertos serão na discoteca dos Valados, no Cais da Sardinha e no Festival Nova Geração no Liceu Antero de Quental.

Nuno Costa
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