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Entrevista Re:Aktor

UNIVERSOS DISTANTES

Aparentemente do nada, chega-nos um misterioso acto nacional que dá pelo nome de Re:Aktor. Nada misteriosos ou desconhecidos são os elementos que o compõem, pois das suas fileiras contam o líder [Nexion], o ex-Draconiis dos Sirius e Rui Duarte dos Ramp. Com uma sonoridade futurista e cibernética apresentam o seu primeiro trabalho intitulado “Zero Order”. Sobre essa surpreendente estreia conversamos com [Nexion].


Creio que a melhor maneira de começarmos a entrevista será perguntar-te como e quando é que surgiram os Re:Aktor.
Os Re:Aktor surgiram há cerca de dois anos, duma visão musical que comecei a esboçar. No início, a ideia era criar uma base à qual se pudessem juntar mais músicos, que acabariam por formar o núcleo dos Re:Aktor. Por outras palavras, um projecto de banda com características criativas diferentes do habitual, que normalmente nascem na sala de ensaios. Foi então nessa perspectiva que a banda deu os primeiros passos rumo ao trabalho de estreia.

Como foi conseguir juntar todos estes conhecidos músicos para este disco?
Foi um processo gradual, quando comecei os Re:Aktor éramos apenas dois membros (eu e o D-Void) ao qual pouco depois se juntou o Ca2. Houve um interregno de vários meses, visto eu me ter deslocado à Noruega durante cerca de 6 meses para fazer a pré-produção, e só quando a base instrumental estava pronta é que o R.A.D. se juntou. Numa fase posterior à produção de “Zero Order”, convidámos o baixista Tank e iremos também anunciar um novo baterista em breve.

Mas entretanto, ouvi dizer que só o R.A.D. continuará a fazer parte da banda. Os restantes membros funcionaram mais como músicos de sessão e agora rumaram a outros projectos. Certo?
Se assim é, ainda ninguém me disse nada... Acho sinceramente que isso é totalmente descabido, visto que os Re:Aktor são cada vez mais um colectivo, uma banda. A única saída que se processou foi a do Ca2, por neste momento não nos ser possível trabalhar com um membro na Noruega. Não há de momento quaisquer membros de sessão nos Re:Aktor, apenas membros efectivos dum colectivo que se quer cada vez mais forte.

Já existe data para a tão esperada estreia dos Re:Aktor ao vivo?
Estamos a tentar planear uma digressão europeia para o próximo ano, mas ainda nada está delineado ou agendado. Antes disso não creio que efectuemos qualquer espectáculo em Portugal.

Falando agora do disco: ele apresenta uma visão muito futurista e cibernética da própria música e creio que isso acaba por também se relacionar com o próprio futuro da raça humana. Que tópicos te inspiraram para o conceito deste disco? Que pretendes demonstrar com ele?
Em “Zero Order” o ouvinte é transportado para um universo digital e pós-moderno, embora não haja um conceito no sentido mais estático da palavra. Quisemos ter a liberdade de explorar várias temáticas dentro desse mesmo universo, em que os sentimentos e as emoções humanas continuam presentes, apenas duma forma diferente. Trata-se duma espécie de realidade alternativa, em que a energia e a mensagem são positivas relativamente ao futuro da humanidade. Os acontecimentos dos últimos anos, nacionais e internacionais têm sido maioritariamente marcados pela negativa, e há um sentido latente de colapso, duma sociedade ocidental que funciona sempre no limiar do descontrolo. Apesar de tudo, acredita-mos que a ciência e a alta tecnologia vão, cada vez mais, trazer prosperidade ao futuro do homem visto que os avanços começam a ser em ciclos cada vez maiores em tamanho e mais curtos em tempo, daí também a nossa associação à imagem tecnológico-científica.

Creio que concordas que este é um projecto bastante ousado e até arriscado uma vez que o género musical que vocês praticam não tem muita tradição na Europa e muito menos em Portugal. Que esperas do público em geral?
Concordo plenamente que os Re:Aktor, na sua essência, são uma banda que se propõe algo controversa e indisponível para corroborar com a estagnação que reina na musica rock/metal europeia. Por tanto, tendo noção dos riscos que corremos e conhecendo bem a indústria musical, a nossa atitude é de à partida não aceitar nada como garantido. A única coisa que esperamos sinceramente do público em geral, é que tenham uma mente aberta e dêem uma verdadeira oportunidade a “Zero Order”. Não se deixem ir por rumores, opiniões ou críticas, sejam elas positivas ou negativas! O mais importante será sempre a sinergia entre o ouvinte e a música, e isso só pode ser conseguido através de uma ou mais audições.

Já agora, como tem sido as reacções ao disco?
Tanto quanto sei, têm sido bastante divididas, especialmente por parte da imprensa. Desde excelentes críticas a péssimas críticas. Isto é algo que esperávamos desde o início, visto ser um reflexo do mau momento do rock/metal europeu. Em muitas críticas nota-se uma fobia pela inovação e novas tendências, juntamente com o apego ao que é tradicional. Enquanto que em muitas outras, nota-se precisamente que já há muito boa gente aborrecida com a falta de propostas com uma nova atitude, que louvam o nosso trabalho de estreia. Depois há as mais variadas razões que podem motivar a tendência e teor duma crítica, pelo que preferimos ter uma atitude de as minimizar, mesmo as extremamente positivas. Defendemos que os jornalistas têm que fazer o seu trabalho, e nós fazer o nosso, sem qualquer tipo de interferências. A diferença reside no facto que enquanto as bandas têm esse “controlo de qualidade” por parte dos jornalistas, por sua vez ninguém controla a qualidade do trabalho dos mesmos. No entanto, o público generalista foi tem sido curiosamente (ou não) o que melhor reagiu a esta proposta, e no fundo o que interessa é isso; que o público reaja porque é isso que faz o mundo da música girar. Temos plena consciência do nosso potencial exponencial, e com a maior das certezas não vamos tirar os pés da terra.

Escusado será dizer mais vezes que o estilo que vocês tocam é pouco vulgar nos dias que correm, mas o que me surpreende mais é ver os músicos que estão envolvidos no projecto. Todos vocês têm backgrounds muito diferentes e longe do estilo dos Re:Aktor. Como foi que surgiu em ti esse interesse pela vertente mais electrónica e como foi juntar e relacionar todos esses backgrounds?
Para falar do meu interesse pela electrónica, teria que voltar aos meus tempos de criança, quando uma das minhas bandas favoritas era os Kraftwerk. Sempre fui adepto do mundo da música electrónica, paralelamente ao meu interesse especial pelo metal e pelo rock, o que para muita gente pode ser estranho. No entanto, esta é a minha formação musical, e simultaneamente a magia que fez com que iniciasse a minha carreira como músico. No decorrer da minha carreira sempre tive o desejo de incorporar estas influências, e foi com toda a naturalidade que esse trabalho se desenvolveu conjuntamente com o surgimento dos Re:Aktor. Foi a altura certa e a banda certa para explorar este tipo de paisagens sonoras. Trabalhar com este grupo foi um processo muito didáctico e interessante, tanto no lado profissional como pessoal. O entendimento foi bastante acima da média, e descobrimos que todos tínhamos referências e ideais comuns, que apenas tínhamos tentado almejar doutra forma. Os Re:Aktor permitem-nos abordar todo o processo criativo duma outra perspectiva, o que necessariamente resulta em algo diferente do que fizemos anteriormente.

Escusado será também elogiar o honroso facto de vocês terem assinado com a Nuclear Blast e de a verem apostar tanto em vocês. Como correu todo esse processo? Como surgiu o interesse deles por vocês?
A verdade é que eu mantinha um bom contacto com a Nuclear Blast, e eles demonstraram grande interesse em ouvir o que se estava a preparar. Depois de ouvirem a pre-produção, ficaram bastante entusiasmados e tudo se encaminhou para chegarmos a um acordo justo para ambas as partes. No entanto, convém explicitar que os Re:Aktor são e serão sempre uma entidade independente da editora em que estiverem, e que o facto de estarmos na actualmente Nuclear Blast não é de todo o mais importante. Como já tive oportunidade de dizer anteriormente, nada é garantido no mundo da música, e no fundo tudo vai depender da forma como conseguimos chegar ao público, e de como o público aceita ou rejeita o nosso trabalho.

O disco foi produzido durante vários meses e em vários estúdios sendo depois masterizado pelo George Marino nos famosos Sterling Sound Studios. Conta-nos como foi que correu o processo de produção. De que forma contribuiu o faco de teres experimentado vários estúdios para o resultado final do disco? Achas que atingiste todas as metas que querias?
De facto o processo de produção levou algum tempo, e o facto de termos experimentado várias soluções acabou por um lado enriquecer o resultado, e pelo outro torná-lo mais trabalhoso. Num projecto há que fazer decisões e trabalhar com algum método e “deadlines”, o que nem sempre é fácil. Penso que no balanço, conseguimos fazer um trabalho com muita qualidade de produção, o que levou a que a Nuclear Blast, entre outras medidas, apoiasse a masterização com o George Marino. É óbvio que do ponto de vista técnico, há sempre algo mais que poderia ser melhorado pontualmente, mas de facto as características da produção adequam-se muito ao conceito, e prova disso é que tem sido bastante apreciada.

Um dos pontos fortes que vos acompanha é o vosso belíssimo videoclip, algo muito à frente daquilo que normalmente é feito em Portugal. Queres falar-nos mais um pouco dele, do seu conceito e concepção?
Acho que nos sentimos particularmente orgulhosos pelo videoclip, e pela equipa e concepção ter sido toda baseada em solo nacional. É uma prova que é possível fazer-se bem, embora seja sempre mais difícil do que em outros países mais desenvolvidos a este nível. O conceito parte da fusão do universo da banda com a realidade das personagens que o encaram através dum espelho, nas mais variadas situações. Na base estão as complexas questões existenciais na sociedade de hoje, dentro duma variedade de personagens, que encontram no universo da banda uma resposta, uma esperança. A montagem e design 3D demoraram bastante tempo a completar, visto a complexidade da programação, mas no fim penso que valeu a pena e os objectivos para o videoclip foram largamente atingidos.

E por fim, os Re:Aktor continuarão a ser uma prioridade para ti? Que planos tens para a banda no futuro?
Neste momento, os objectivos passam por terminar o esforço promocional intenso, e pela digressão europeia. Após os quais iremos pensar quais os caminhos a seguir com os Re:Aktor. A minha vontade é manter o trabalho com os Re:Aktor como prioridade total, mas esse ponto vai depender de muitas outras variáveis. É-me impossível prever o dia de amanhã, mas o que posso adiantar é que no dia de hoje apenas estou envolvido com os Re:aktor, pelo que tenho confiança numa carreira longa e de sucesso.

Nuno Costa
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