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Entrevista In Peccatum

O PECADO IMORTAL

Originários da Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, os In Peccatum formam-se em 1998 e são hoje das propostas mais interessantes do espectro doom/gothic açoriano. Com duas demo-tapes editadas, “In Beauty” de 1998 e “Just Like Tears” de 2000, e um MCD intitulado “Antília” de 2002, o trio composto por António Neves, Hélder Almeida e André Gouveia encontra-se, após um interregno de quase dois anos, a preparar o seu regresso aos palcos e às gravações. O baixista André Gouveia esteve com a Sound(/)ZonE a explicar onde estiveram e para onde vão os In Peccatum.

Antes de mais, diz-nos quem são os In Peccatum e de onde surgiu vosso o gosto pela música, mais propriamente, pelo metal?Os In Peccatum são constituídos pelo Hélder Almeida (bateria), André Gouveia (baixo) e António Neves (guitarra/ voz). O gosto pela música surgiu desde sempre e bandas como Xutos & Pontapés eram a referência, sendo que o gosto pelo metal surgiu por volta dos 14 anos. Na altura ouvia-se Sepultura (do tempo do Beneath the Remains ou Arise). Os Guns N’ Roses também estavam no topo das preferências. Podemos também referir os Morbid Death , que entretanto também estudavam na nossa escola. Nós acompanhámos a carreira deles desde sempre e acabaram também por ser uma forte influência.

Quase dois anos após o lançamento do você terceiro registo, o MCD “Antília”, quer-me parecer que os In Peccatum se encontram algo adormecidos. Onde têm estado os In Peccatum nestes últimos tempos?
Os In Peccatum, de facto, desde o lançamento de “Antília” ainda não actuaram ao vivo. Não por falta de convites, mas porque não tínhamos um teclista fixo, o que implicava contratar músicos e ensaiar com muita antecedência. Mas entretanto, continuávamos a trabalhar na sala de ensaios. Para além disso, de momento encontramo-nos a trabalhar e a estudar em sítios diferentes, o que dificulta a situação. Mas isso não nos impede de continuar a escrever temas e a preparar para breve, um novo trabalho e actuações.

“Antília” serviu mais uma vez para demonstrar o espírito dinâmico e arrojado que se tem revelado desde o incio das vossas actividades. Duas demos e um MCD em cinco anos é algo notável no nosso restrito panorama. Onde reside a chave dessa dinâmica?Basicamente essa dinâmica reside no facto de sermos grandes amigos desde os tempos de infância. Uma banda para funcionar bem tem que ter essa vertente de amizade e não basear-se unicamente no facto de se reunirem uns músicos para tocarem uns temas. A música para nós não é meramente um veículo para a projecção e sucesso, mas algo que gostamos de fazer e sobretudo nos dá prazer.

“Antília” é um trabalho que surpreende pela sua ousadia e sensibilidade suportada pela força das nossas raízes como povo açoriano. Como foi escrever um trabalho conceptual sobre as Sete Cidades? Importas-te de traçar um plano da sua história?
A ideia surgiu a partir do Almeida. Ele tinha a ideia de fazer mais um trabalho conceptual, à semelhança da anterior demo “Just Like Tears…”, que andava à volta do tema Outono. “Antília” acaba por ser exactamente isso, mas a temática são as lendas das Sete Cidades. O Almeida escreveu as letras baseadas nessas lendas e para além disso, a foto da capa é alusiva também à lagoa das Sete Cidades, mas de uma forma que não a que estamos habituados. Acima de tudo, é também uma maneira de fazer menção a uma realidade que é muito nossa. Somos açorianos e fazemos questão de o vincar na nossa música.

Temos aqui algumas colaborações interessantes das quais destacaria a presença dos instrumentos clássicos na introdução “Septem Aquae”. Como é que surgiram essas colaborações? Outra vez, a culpa foi do Almeida. Uma vez que frequenta o conservatório, escreveu o tema com a ajuda de um colega, o Nuno Estrela (ex-guitarrista da banda Dilema e que conta com colaborações com Classic Rage e outros nomes do nosso panorama musical). Daí à execução dos temas foi só contactar com as pessoas certas.

E em relação ao impacto e reconhecimento que teve “Antília”, tanto cá como lá fora? Foi de encontro às vossas expectativas?
Podemos dizer que superou todas as expectativas. O trabalho foi muito bem aceite no underground nacional e internacional. Obtivemos excelentes críticas nas mais variadas zines e sites dedicados ao metal. Podemos, inclusive, destacar um site alemão “Walls Of Fire” onde obtivemos a nota máxima. Para além disso, esgotamos a tiragem inicial de 400 cópias do disco (o que até é um número aceitável para uma banda de garagem). Presentemente, e quase dois anos volvidos o lançamento de “Antília”, ainda recebemos pedidos dos mais variados pontos do planeta (em pequena escala, claro). Após a saída do Pedro Alvim, a banda permaneceu sem teclas fixo, recorrendo a um músico convidado para os espectáculos.

Como será daqui para a frente? Continuará o Almeida a compor as partes de piano?
Quanto ao teclista, também já resolvemos o problema. A partir de agora iremos trabalhar com um elemento fixo, que contudo não integrará o line-up da banda. Presentemente já encontramos o músico que reúne o perfil ideal para nos acompanhar. Daqui para a frente, as coisas continuarão como estão. A composição fica a cargo do Almeida, mas ao vivo, será este músico a ficar encarregue da sua execução.

Apesar do cliché que representa essa pergunta, não resisto a perguntar-te qual a tua opinião sobre o que se passa dentro do metal aqui na região.
Muito sinceramente, penso que já viu dias muito melhores. Não nos podemos esquecer de bandas que fizeram história e infelizmente já não existem, como Obscenus, Gnosticism, Blackmass ou até mesmo Prophecy of Death. São bandas que nos marcaram e infelizmente, hoje em dia, são desconhecidas por muita gente.

E planos para o futuro? O que é que a banda tem traçado para os próximos tempos?
É assim: para o ano vamos aparecer ao vivo e temos um novo lançamento na forja. Claro está, não podemos é referir datas.

Nuno Costa
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