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Epítase estranguladora

Torna-se cada vez mais difícil contrariarmos a nossa dramaticidade portuguesa quando para essa circunstância tanto contribuimos. Fazer parte de um veículo de promoção ao Heavy Metal durante quase sete anos em Portugal até nem é muito típico, modéstia à parte, do nosso povo. Contam-se tantos aqueles que sonharam alto ou perto disso, mas por mais que a teimosia fosse mobilizadora acabaram por definhar perante um cenário que tanto fomenta como destroi. A razão desta soma é uma debilitante "cena" que intenta pôr-se ao mar mas morre logo na praia... mesmo que essa morte dure vários anos a consumar-se. Até lá, alguns balões de oxigénio vão atrasando o que parece inevitável, mas a respiração é sempre intermitente e causa danos - quase de certeza irreversíveis. E digo "quase" porque, invocando a tal teimosia, nunca sabemos quanto tempo somos capazes de resistir a tal asfixia. A luta é grande para sacar mais um fôlego.

Nesses fôlegos pode incluir-se alguns mimos do público, entrevistados, editoras, etc, mas a indiferença a que somos votados, principalmente pelos de "casa" e em questões tão triviais, é uma facada agravada e difícil de tratar. Numa região Açores com cerca de 240 mil habitantes, onde talvez cerca de apenas 200 sejam fiéis e empenhados seguidores da "cena", mas mesmo assim não têm certos hábitos "dogmáticos", ficamos reduzidos a um universo frívolo onde qualquer esforço de criação ou progresso vem disfarçado de fatalidade, a curto prazo, para nossas emoções, projectos e crenças. Facilmente nos sentimos frustrados e revoltamo-nos com a nossa ingenuidade. Não obstante as mais puras das intenções, sentimo-nos envoltos numa autêntica teia de conspiração onde forças invisíveis e inexplicáveis estrangulam nossos actos.

Gostávamos, sinceramente, de perceber porque numa área onde só existe dois veículos dedicados à promoção do Heavy Metal, e ainda mais, muito distintos, certas formalidades não sejam tomadas fazendo-nos até questionar todo o esforço que implica qualquer gravação de uma banda local. Em pleno século XXI ainda se admite que se negligencie a importância da "máquina" promocional - desde o mais "reles" blog à melhor revista do mundo?

Pode alegar-se a qualidade do serviço prestado, mas ao lado disso fica o desperdício de tempo, esforço e dinheiro para deixar selado na gaveta anos e meses de trabalho. Será uma questão pessoal? Será mera ignorância? Arrogância? Estupidez? Enquanto isso, continuamos a zelar pela nossa existência...

Nuno Costa

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