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Ao vivo - Undercovers

UNDERCOVERS
06.10.05 - Bar PDL, Ponta Delgada

Esta é uma iniciativa que já começa a ganhar alguma tradição na ilha de S.Miguel. De Unrecovers a Undercovers, passaram-se quase dois anos mas o pretexto e o formato continuou o mesmo – entreter e tocar versões de (alguns) clássicos do heavy metal. Apesar de manter a mesma base que fundou esta iniciativa, este conjunto de músicos foi se sempre alterando, ou melhor dizendo, acrescendo-se de convidados especiais ao longo das suas três anteriores edições. Sendo assim, desta vez também não se quebrou a regra e como surpresas tivemos Zé (This Torsion, ex-Anthropology) na guitarra, Fábio (Psy Enemy) no baixo e Carlos na voz. A estes juntamos os residentes Steven (Hemptylogic) na voz, Honório (Tolerance 0) na voz, Rui (Tolerance 0) na guitarra, Esponja (Tolerance 0) no baixo e Dino na bateria.

Como já repararam, ¾ dos Tolerance 0 está de regresso após cerca de um ano e meio no estrangeiro, tendo sido este, certamente, um dos maiores chamarizes para o público que se deslocou em número razoável ao Bar PDL, em Ponta Delgada. Uma excelente oportunidade para rever algumas das “velhas glórias” do nosso panorama heavy, que tão bons momentos nos proporcionaram no passado. Se este era, de facto, uma das principais curiosidades do espectáculo, o mesmo acabou por não acontecer com os temas que compuseram o repertório desta sessão. Talvez este seja um dos aspectos a ter em conta no futuro, melhorar a diversidade dos temas, na medida em que alguns já começam a soar demasiado “usados”. Ainda assim, é inegável a força de temas como “Territory” dos Sepultura ou “5 Minutes Alone” dos Pantera que, pelo seu carisma e estatuto, justificam sempre uma presença neste evento, nem que seja pela reacção que provocam no público.

Em destaque, os pequenos arranjos talhados para este concerto, a demonstrar que já começa a haver a preocupação de elaborar um verdadeiro espectáculo, sendo exemplo disso o empolgante medley dos Pantera e um cómico remake de “Eye Of Tiger” tocado com letra de Sandro G, misturando-se logo de seguida com “5 Minutes Alone”. Foram realmente estes alguns dos momentos mais interessantes do repertório, uma vez que foram eles que dinamizaram e tornaram este espectáculo imprevisível. Tecnicamente, compreende-se que este grupo de músicos não está propriamente preocupado em recriar – ipsis verbis – os originais dos grupos, o que agradecemos, pois o cunho pessoal empregue é muito importante quando se tocam covers. Mas continua-se sem perceber a ausência do solo em “5 Minutes Alone”, pois não cremos que se trate de um problema de falta de técnica por parte dos executantes. A verdade é que este estranho facto já vem ocorrendo desde outras edições do Unrecovers. Para além disso, uma anomalia no micro de Carlos não nos permitiu escutar a sua voz como se desejaria, retirando-nos a hipótese de poder fazer uma análise legítima ao seu potencial, naquela que foi a sua estreia absoluta em palco. Por seu lado, todos os outros músicos confirmaram todo o seu talento, com normal preponderância para os membros de Tolerance 0, com toda a sua experiência, e mesmo Steven que não deixa transparecer minimamente que já não sobe a um palco há cerca de um ano. É caso para dizer que se trata de um talento natural. Outra das surpresas agradáveis da noite foi o guitarrista Zé, surpreendendo pela sua segurança e serenidade, vindo a confirmar a ideia que nos tinha deixado aquando da sua passagem pelos Anthropology, há uns atrás, e que já nos fazia prever que dali sairia um músico com talento.

Para terminar, a nota de que este é um evento em evolução, no qual se deve apostar e tentar levar a outro patamar, ao próximo nível. Ver de novo estes músicos juntos foi, no entanto, uma enorme cereja no cimo do bolo.

Nuno Costa
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