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Ao vivo - II Festival Rock Semana Académica

II FESTIVAL ROCK SEMANA ACADÉMICA
04.05.04 - Ponta Delgada

Segundo ano em que se realiza este dia de “peso” inserido no cartaz da Semana Académica da Universidade dos Açores. Um[!] dia dedicado às sonoridades regionais e especialmente àquelas mais extremas, já que nos restantes dias de uma longa semana não sobra espaço para tantos outros projectos açorianos que poderiam ter aqui mais um espaço de “"antena”. Ao invés disso, continua-se a investir em presenças exteriores já demasiado “usadas” mas que para nós servem perfeitamente para fins de "reciclagem".

Pois bem, resumindo o que foi para mim este II Festival Rock Semana Académica, começo por dizer que este atraía, sem dúvida, alguns motivos de interesse. Tanto pela estreia de uns como pela confirmação de outros, a verdade é que pudemos assistir a um pouco de tudo, tanto de positivo como de negativo. Mas vamos por partes.

A abrir e a marcar mais uma vez presença neste festival, estiveram os Shunkstone. E que mais podemos acrescentar sobre uma banda que, apesar de andar há muito tempo nisto e de já ter provado ter bastante talento, continua a dar-nos a sensação de ficar sempre um pouco aquém daquilo que pode fazer? Talvez porque, com o passar dos tempos e com a desmotivação em que se cai quando se é músico há muitos anos as ilhas e não se recebe o devido feedback, a banda tenha perdido algum do seu fulgor... Não foi um mau espectáculo, de todo, mas senti que a banda esteve uns furos abaixo daquilo a que nos acostumou. E a verdade é que a última vez que a vimos actuar foi precisamente há um ano neste mesmo evento. Talvez isso possa ser sintomático de algo negativo que se esteja a passar. No entanto, a banda continua a compor, apresentou alguns temas novos a registar num futuro próximo e ainda despediu-se do seu baixista.

De seguida, os Spitshine. Liderados pelo talentoso guitarrista Luís H. Bettencourt, aqui ilustremente acompanhado por Paulo Melo – ex-baixista dos Classic Rage –, Marco Camilo – ex-baterista de Carnification, Alta Frequência e ex-baixista de Hangover – e ainda por um vocalista desconhecido, era o colectivo que despertava muitas das atenções do cartaz e reservava, à partida, o estatuto de surpresa da noite. No entanto, e atendendo a muitos dos comentários que ouvimos após o concerto, esta surpresa acabou por se revelar muito tímida. Na nossa perspectiva, concordamos no sentido em que estávamos à espera de algo mais arrojado, mais complexo tecnicamente, atendendo a que estávamos frente a um colectivo de exímios executantes. Mas bem vistas as coisas, é preciso ter em conta vários factores e o mais importante são os objectivos que aqui se pretendem. Segundo o próprio Luís H. Bettencourt, a natureza deste projecto é completamente diferente daquela que desenvolve a solo e, por isso mesmo, devemos saber pôr cada coisa no seu “saco”. Sendo assim, apresentaram composições hard’n’heavy em moldes bem tradicionais, maduras e recheadas de melodia. Coesos, talvez não tão inspirados como se poderia esperar mas com um desempenho bastante sólido, acreditamos que este colectivo pode fazer muito mais no futuro. Afinal de contas, três meses é tempo insuficiente para se assentar um projecto, mesmo para músicos deste calibre.

A dar continuidade ao cartaz estiveram os 3rd Floor. Este colectivo da Ribeira Grande, que lançou há bem pouco tempo o seu primeiro trabalho, teve aqui uma boa oportunidade para se apresentar a um público mais vasto. Sendo que a sua posição no cartaz não era a mais favorável, pois o público presente era manifestamente apreciador de sons mais extremos e já só esperavam pela entrada em cena dos Hemptylogic, não foi, no entanto, por isso que os 3rd Floor saíram prejudicados. Na minha modesta opinião, a própria banda sofre de um mal [ou será virtude?...] da qual só ela pode ser responsável. Sei que pode ser bastante rude o que vou dizer mas acho que ninguém está interessado em ouvir réplicas daquilo que os Pearl Jam tão genuinamente criaram há uns anos atrás. Ainda mais quando a parte instrumental não vai para além do suficiente e a voz é uma cópia flagrante da do líder da banda de Seattle. Canta bem, é certo, mas, afinal de contas, Eddie Vadder só há um! E com esta, acho que já perceberam qual é o grande mal dos 3rd Floor. Cabe-vos agora ajuizar se será mesmo um “mal” ou uma virtude.

Já a altas horas da noite, subiram ao palco os Hemptylogic. E que melhor maneira para descrever o cenário que se seguiu do que o da verdadeira entrega?! Tanto no palco como na frente dele, a adrenalina reinava e chegava para o público entrar em violento mosh. A banda sentia-se bem com isso e balanceava-se ainda com mais intensidade. O repertório repartia-se por temas novos e outros mais antigos. Espaço também para o baterista Isidro Paixão vocalizar um tema calmo e tribal – voz essa que praticamente não se notou – e para uma sentida interpretação de “Weapon Of Choice” dos Tolerance 0, que tanto agitou os nostálgicos presentes. E foi com muita adrenalina e suor que terminou esta segunda edição do Festival Rock Semana Académica. Para os Hemptylogic fica a certeza de que são já um caso sério de popularidade nas redondezas.

Nuno Costa
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