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Ao vivo - Festival Nova Geração

FESTIVAL NOVA GERAÇÃO
20.06.03 - Liceu Antero de Quental, Ponta Delgada

O cartaz deste festival realizado no velhinho ginásio do liceu Antero de Quental, em Ponta Delgada, e patrocinado mais uma vez pela ANIMA e pela Camâra Municipal de Ponta Delgada, que parece verdadeiramente empenhada em apoiar a juventude deste concelho [de louvar], apresentava-nos mais duas jovens bandas micaelenses - Sedative e Blasph3my. Até à data dois nomes desconhecidos, sendo por isso acrescida a curiosidade na medida em que esse tipo de concertos suscita sempre a esperança de virmos a assistir ao surgimento de novos e grandes talentos.

A abrir o espectáculo, os Sedative que bem se esforçaram para chamar a atenção do pouco público que se manteve muito longe do palco e mais interessado em apanhar ar fresco ou a beber um copo no bar. No entanto, terá de ser a própria banda a dar muito mais de si para conseguir cativar os ouvintes. Para além de estarem a praticar um estilo pouca em voga, o grunge, estes Sedative pecam pela falta de originalidade e estão longe da alma característica do estilo. Uma secção rítmica muito pouco dinâmica, para ser sincero não me lembro de ver mais do que um ou dois ritmos diferentes ao longo de toda a actuação, e umas vocalizações a invocar, por vezes, o estilo de Daniel Johns, dos Silverchair, foram as impressões deixadas por este trio. Surpresa ainda, pela negativa, quando num dos seus temas se ouve o vocalista e guitarrista do grupo a proferir a frase: “Here we go again motherfucker!”. Ora estaremos perante um grupo de grungers com uma costela nu-metal?

Com uma costela muito nu-metal estão, de facto, os Blasph3my, mas, infelizmente, da forma menos conveniente. Numa época em que os mascarados de Iowa são uns dos líderes dentro da nova geração do metal e conhecidos também por serem das poucas bandas de metal a possuirem DJ's e percussionistas, é muito arriscado para uma jovem banda apresentar-se com características de line-up semelhantes sem escapar ao estigma das comparações. Aliás, nem só nesse aspecto conseguimos notar a grande influência que os Slipknot representam para os Blasph3my. A atitude em palco, embora sem nunca chegar a pontos tão extremos, alguns arranjos de percussão, riffs e até algumas frases do vocalista como “can I have my DJ back?”, precisamente por ver o seu colega misturado com o público, só vem demonstrar que a banda conhece bem o legado Slipknot, embora não utilize esse facto em seu abono. Poderá ser prejudicial para o próprio futuro da banda, pois numa altura em que o mundo da música se encontra muito saturado, só mesmo um esforço redobrado e muito talento à mistura poderão fazer com que apareçam bandas com trabalhos frescos e originais a conseguirem alguma notoriedade.

Todavia, apesar das inúmeras referências musicais de que nos fomos apercebendo ao longo dos temas, a banda deixou alguns bons apontamentos. O vocalista da banda possui uma voz bastante forte, expulsando berros com grande agressividade, embora, por vezes, usasse texturas vocais claramente à David Draiman ou à Serj Tankian. A parte rítmica esteve também em bom destaque com a bateria e percussão a transmitirem grande pujança aos temas.

Apesar de tudo isso, temos a esperança de que a energia que esta banda possui em palco possa, com o tempo, ser também canalizada para encontrar a inspiração capaz de suscitar o seu próprio som e identidade. No entanto, sinto-me reconfortado por ver que continua a haver muitos músicos locais a quererem seguir pelos trilhos desse ilustre género musical – o Metal.

Nuno Costa
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